Deveria haver teste de empatia para os médicos?
Pesquisador que criou escala para medir o atributo quer que os cursos de medicina aperfeiçoem essa característica nos estudantes.
Empatia vem do grego, empátheia, e descreve a capacidade de compreender os sentimentos e emoções do outro, colocando-se em seu lugar. Quando pensamos num médico, imaginamos que, além da formação sólida para o exercício da profissão, sua relação com os pacientes deva ser pautada por esse atributo. No entanto, é bem provável que todos tenhamos uma história para contar sobre uma experiência desagradável ou mesmo traumatizante em consultório ou hospital. Felizmente o oposto também é verdadeiro – o que só mostra como a empatia faz toda a diferença, inclusive na forma como a pessoa vai se engajar no tratamento.
Mohammadreza Hojat, pesquisador e professor do departamento de psiquiatria e comportamento humano na Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia, desenvolveu, em 2001, uma escala de empatia, a “Jefferson Scale Empahty”, com um questionário que avalia o tipo de comportamento que os profissionais de saúde têm com seus pacientes. Autor de diversos livros sobre o tema e com mais 35 anos de experiência nesse campo, o doutor Hojat criou três versões para seu teste: para estudantes de medicina, médicos e outros profissionais da área, como enfermeiros e farmacêuticos.
Relação entre médico e paciente pautada pela empatia: maiores benefícios e engajamento no tratamento.
Ele costuma dizer que, no contexto do cuidado, “a empatia é uma característica que envolve entender as experiências e os sofrimentos do paciente. Além disso, é importante comunicar esse entendimento e a intenção de ajudar”. No fim de outubro, artigo publicado na revista “Quartz” mostrou que a equipe do professor alcançou uma marca histórica este ano. Utilizando dados de 16 mil estudantes de osteopatia, prática que consiste em técnicas de manipulação das articulações e normalmente é realizada por fisioterapeutas ou fisiatras, o time elaborou critérios de abrangência nacional para sua avaliação.
Hojat também se encontra no terceiro ano de um levantamento que durará mais quatro para mapear a associação entre a empatia de estudantes e outras variáveis, como idade, gênero, interesses profissionais e desempenho acadêmico anterior. Seu objetivo é que essa qualidade seja ensinada e aperfeiçoada na faculdade. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, vem crescendo o número de iniciativas para estimular empatia aos médicos, de seminários sobre budismo a aulas de teatro. Em algumas universidades, como a UC Irvine, na Califórnia, alunos de medicina treinam com equipamento de realidade virtual para vivenciar condições como artrite ou degeneração macular. Afinal, nada como se colocar na pele nos outros para ter noção da dor e da angústia que situações como essas provocam.
Fonte: G1 Bem Estar
Nenhum comentário:
Postar um comentário