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Foco nas forças pessoais ajuda a melhorar

Foco nas forças pessoais ajuda a melhorar

A coluna do último domingo levantou tanto interesse dos leitores, que resolvemos continuar no tema vitimização ou coitadismo, agora falando mais sobre os antídotos usados para que a pessoa vença esse problema. Desta vez, comecei a entrevista com o psicólogo Armando Ribeiro questionando-o se os males da alma estão, de fato, vencendo as doenças físicas, no que diz respeito à ameaça à qualidade de vida das pessoas.

Segundo ele, pesquisas atuais vêm demonstrando que o número de afastamentos no trabalho por licença médica vem aumentando para condições psicológicas e problemas comportamentais. Outro indício é o aumento considerável de consumo de drogas psicotrópicas (calmantes, sedativos, antidepressivos) no País, sendo um dos maiores mercados para estes produtos no mundo.

E como superar isso? “Uma história antiga conta que dentro de cada um de nós existem dois cachorros, sendo um deles cruel e mau, e o outro muito bom e dócil. Os dois estão sempre brigando. Uma vez me perguntaram: ‘Qual dos cachorros vai ganhar a briga?’ Após um longo momento de reflexão, respondi: ‘Aquele que eu alimentar’”.




Assim, conforme Ribeiro, é a nossa história. “Somos marcados por traços genéticos, circunstâncias e influenciados pelas nossas atitudes ao longo da vida. Ninguém escolhe as cicatrizes que carregará, mas todos escolhem como exibirão o peso de uma infância infeliz, os traumas de um amor rompido, ou seja, as diversas frustrações daquilo que carregamos dentro de nós”.

E o que realmente importa para sermos felizes? Riqueza, sucesso, fama, status, beleza, amor, sexo, saúde, iluminação espiritual... Tudo isso junto?

Armando Ribeiro que trabalha com a chamada Psicologia Positiva, que, na prática, é realizada com exercícios terapêuticos que desenvolvem as forças pessoais, diz que, nesta perspectiva, quem sofre por vitimização está alimentando o cão cruel e mau em si mesmo.

O peso das emoções

Ribeiro fala da tal “razão losada”. Sabe o que é isso? Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Riverside (EUA), descobriram que há uma proporção ideal entre as emoções positivas e negativas. Se, por exemplo, uma pessoa tem uma experiência negativa, ela vai precisar de três positivas para se manter em um estado de bem-estar e crescimento pessoal. “O problema é que costumamos mergulhar nas experiências negativas, ou seja, naquilo que não deu certo em nosso dia, no trabalho, com os filhos. Alimentar o cão mau em nós é o caminho mais curto para uma experiência de vida sombria”.

E qual é o melhor antídoto para a vitimização? O psicólogo diz que é focar nas forças pessoais, ou seja, buscar em si mesmo pontos de ancoragem positivos. Pesquisadores do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia (EUA) vêm mapeando diversas forças pessoais, por exemplo, como sabedoria e conhecimento, coragem, humanidade, transcendência, temperança etc... que “empoderam” (empowerment) as pessoas a construir uma vida rica de sentido e propósito.

Ribeiro destaca que existem cinco fatores que, sabidamente, influenciam nossas vidas de forma boa: “Emoções positivas, engajamento, bons relacionamentos, sentido / propósito e realização”.

Na prática

O psicólogo ressalta que alguns exercícios da Psicologia Positiva ajudam a superar as dificuldades, ao focar na construção de uma maior capacidade de crescer frente aos problemas, também conhecida como resiliência. “Quem abraça a vitimização não se torna resiliente”.

“Aprendi na escola médica de Harvard que alguns desses exercícios já são utilizados em pacientes que buscam atendimentos para as mais diversas condições de saúde, entre elas, depressão, ansiedade, estresse, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, asma, problemas digestivos, câncer etc... Fazer um diário de gratidão é um recurso valioso para aumentar a sua razão losada, por exemplo”.

O profissional vai mais além e diz que a “carta do perdão” também é um exercício poderoso para desbloquear dores do passado e se abrir para uma nova vida. “Aprender a perdoar e manter a mente no momento presente é um dos objetivos das práticas de mindfulness (atenção plena). Cultivar relacionamentos positivos com pessoas que ama é uma das mais poderosas estratégias para florescer”, diz Ribeiro.

Já dizia o sábio Sartre: “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós”.

Fonte: Coluna Vida em Dia / Jornal A Tribuna (Santos)

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