Pular para o conteúdo principal

Eles também choram. Como os homens devem preservar o bem-estar diante do pânico gerado pelo aumento de casos do novo coronavírus.


Eles também choram. Como os homens devem preservar o bem-estar diante do pânico gerado pelo aumento de casos do novo coronavírus.

As pandemias costumam provocar um pânico generalizado em homens e mulheres, principalmente quando não se tem informações concretas sobre a doença. É o caso da infecção pelo novo coronavírus, chamado de Sars-Cov-2, que tem um fluxo constante de notícias que gera preocupação e estresse. Esse tipo de situação pode abalar a saúde mental, causando ansiedade em homens. Muitos têm chorado escondido com vergonha de expor seus sentimentos.

O psicólogo Armando Ribeiro afirma que os homens também são afetados pelas circunstâncias atuais da pandemia causada pela Covid-19 e podem experimentar emoções intensas relacionadas ao medo de contaminação ou de contaminar outras pessoas, insegurança e frustração quanto a perda de renda, do trabalho e das relações sociais ocasionadas pelo distanciamento social e da quarentena. Pessoas que já tem histórico de problemas emocionais, tais como a depressão, a ansiedade, pânico, entre outros, podem sentir o agravamento destes quadros.

O estresse crônico gerado pelo estado de atenção em relação a pandemia, segundo Ribeiro, pode levar a vulnerabilidade emocional de todos os membros da família, entretanto alguns homens podem tentar mascarar seus sentimentos por acreditarem em crenças relacionadas aos tabus sociais, como "homens não choram", "homens são fortes" ou "homens não devem demonstrar fraqueza ou fragilidade frente ao perigo".

Para a psicóloga Luciana Vera Crepaldi, os homens sentem medo e insegurança sim. Se fazem parte do grupo de risco ou têm parentes próximos com maior chance de se infectarem, este medo aumenta. "Outra grande preocupação do momento é em relação ao trabalho, se vão se manter no mesmo emprego ou serem demitidos e, quanto à economia do país. A expressão do sentimento pode vir em forma de choro, irritabilidade ou ansiedade, o sentimento é o mesmo, mas muda a forma de expressar."

Armando Ribeiro afirma que para manter o equilíbrio é fundamental o homem aceitar que a pandemia trás para todos nós um momento único de incertezas e vulnerabilidades, ou seja, aceitar o medo é parte do segredo para enfrentar de forma equilibrada as angústias e incertezas do momento no mundo. As pessoas precisam aprender a falar de suas inseguranças e temores. As crises podem ser oportunidades para o crescimento emocional se estivermos em contato com nossas emoções e fortalecermos nossos relacionamentos mais profundos. É preciso sentir compaixão por si mesmo e pelo outro, para poder crescer com a experiência de distanciamento social que a pandemia nos trás."

Segundo Luciana, existem formas para eles manterem o emocional equilibrado durante a pandemia de coronavírus. "Seguir com o trabalho ou, caso tenha parado de trabalhar, elaborar novos projetos, iniciar um curso, ler livros e fazer contatos com profissionais para desenvolver parcerias. Além disso, aproveitar o tempo em casa para curtir a família e realizar atividades prazerosas."

Alerta: apenas faça o que for possível no momento

Sergio Bastos Jr, fisioterapeuta e especialista em saúde integrativa, afirma que a depressão é uma doença silenciosa, geralmente associada a um estado de tristeza constante. "Mas o que muita gente não sabe, é que a depressão pode aparecer como uma apatia, uma introversão, dificuldades com o sono, com a alimentação, com as decisões, mesmo as mais corriqueiras, que temos que tomar todos os dias.

Já a ansiedade, enquanto distúrbio, revela uma preocupação excessiva com o futuro e, também, diante de situações corriqueiras da vida, das mais simples até aquelas que não podemos controlar. "E se alguém que amo ficar doente? E se eu não puder mais sair para comprar alimentos? E se eu não conseguir me recolocar no mercado de trabalho? De situações que sabemos, no íntimo, que não vão acontecer, às que jamais podemos prever, tudo acaba sendo motivo de sobressaltos, alerta, coração descompassado, peito apertado e muito desconforto, inclusive físico."

Para evitar a depressão e a ansiedade é preciso seguir algumas dicas. "Respire, mantenha uma rotina, faça exercícios sempre que possível, converse com as pessoas que ama, mesmo à distância. Tenha projetos/planos/objetivos, mesmo que eles sejam para depois que a pandemia passar. Não espere ter certezas, se eles darão certo ou não, ou se vão ser aceitos, apenas faça o que for possível no momento."

Sergio Bastos Jr afirma que é preciso abrir a mente. "Nosso dia a dia é pautado no calendário. Quantas vezes sentimos um frio na barriga porque algo 'está chegando'. E a única forma de não se deixar assolar por ele é viver o hoje. Então, chegou o momento de esquecer um pouco do calendário, sábado e domingo são dias como qualquer outro, já que estaremos em casa. Então, misturar trabalho e momentos de lazer todos os dias pode ser a melhor forma de se manter ativo, mas calmo."

O especialista em saúde integrativa afirma que é preciso viver o hoje. "É agora que a vida acontece. Do amanhã, nada sabemos, do ontem, só podemos trazer aprendizados. É preciso ser grato por estar vivo, por poder contribuir com esse momento de tantas transformações. E não esqueça: se precisar de ajuda, busque orientação. Você não precisa passar por isso sozinho."

Dicas

Evite o excesso de notícias negativas que podem contribuir para enfraquecê-lo emocionalmente. Crie rotinas saudáveis que envolvam os outros membros da família, mas reserve um momento do dia para você

Se estiver fazendo trabalho 'home-office', crie um espaço especial para manter o foco é a produtividade

Mantenha contato com os familiares através das redes ou ligue mais frequentemente

Não perca a esperança e acredite que por pior que seja essa pandemia a sociedade está unida em busca de soluções que deverão mitigar a expansão deste vírus até encontrar medicamentos eficazes e vacinas

Seja um otimista realista, ou seja, fé no futuro, mas sem descuidar dos cuidados para se proteger e proteger quem você ama

Fortaleça a sua espiritualidade ou reflita sobre o que dá sentido e significado a sua vida

Se perceber que o sofrimento emocional está fora de controle, procure ajuda médica ou de um psicólogo. Neste momento, as consultas de orientação estão sendo realizadas através dos meios digitais e encontrará um profissional que poderá ajudá-lo a lidar com suas emoções difíceis pode tirar a pressão sobre você e dos outros membros da família

Fonte: Armando Ribeiro, psicólogo

Fonte do Artigo: Diário da Região

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mais chá?

"Você pode não se livrar dos seus medos, mas pode aprender a conviver com eles. Mais chá?"

Psicoterapia Cognitivo-Comportamental: Possibilidades em Clínica e Saúde

Este livro foi escrito por jovens profissionais que, sensibilizados com as dificuldades de acesso aos materiais relativos à teoria e à prática da Terapia Cognitivo-Comportamental no Brasil, resolveram descrever os caminhos que trilharam na busca de uma formação sólida. A obra enfoca desde os conceitos fundamentais às possíveis aplicações em Psicologia Clínica e da Saúde. Pormenorizadamente, foram apresentados trabalhos que envolveram: Transtorno de Pânico com Agorafobia, Depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Pseudo-agorafobia, Ciúmes, HIV-Aids, Esclerose Múltipla, Asma, Cirurgia Geral e um Guia de Terapia Cognitivo-Comportamental On-line. A Terapia Cognitivo-Comportamental vem se expandindo velozmente em nosso meio profissional, sendo absorvida em diferentes contextos clínicos e instituições de saúde. A existência de um modelo compreensivo, baseado em uma filosofia pragmática, na utilização de estratégias cientificamente embasadas, no diálogo íntimo com a Psiquiatria...

“Desenvolvendo competências socioemocionais para os desafios do século XXI” - Centro Paula Souza ETECs e FATECs

Prof Armando Ribeiro sentiu uma enorme alegria em falar para os alunos, docentes e coordenadores do Centro Paula Souza   que representa mais de 300 instituições de ensino técnico ETECs e superior em tecnologia FATECs no estado de SP. A palestra “Desenvolvendo competências socioemocionais para os desafios do século XXI” teve como objetivo debater a importância da saúde emocional e das “soft skills” para uma educação integral e uma carreira com mais qualidade de vida e bem estar.  O  #setembroamarelo  marca a campanha em relação a valorização da vida e prevenção do suicídio. Alunos, docentes e equipes pedagógicas mais bem informadas e preparadas para conversar, escutar e ajudar com empatia e respeito! Grato CPS pelo convite e oportunidade em abordar tema tão relevante em nossos dias! Apresentar as mais recentes pesquisas sobre neurociência e saúde mental é fundamental para contribuir com a desmistificação do tema "saúde mental" e da Psicologia e Psiquiatria (psicof...