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Meu filho não come!

Meu filho não come! Transtorno alimentar infantil? Sim, o problema existe. Aprenda a reconhecer os sintomas e conheça as formas de tratamento.
A alimentação infantil é uma preocupação constante dos pais. E não é para menos: muitas crianças dão trabalho na hora da refeição, demoram para comer, algumas não gostam de legumes e verduras, outras não comem carne, e frutas, nem pensar. Assim, alguns pais acabam cedendo e recorrendo a opções nem um pouco saudáveis, como macarrão instantâneo, guloseimas, lanches, frituras. Ocorre que, para a criança com transtorno alimentar, nenhuma dessas opções é convidativa. 

A pediatra do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Wylma Hossaka, explica que muitas crianças não sentem fome e podem ter aversão a alimentos. Recusam até chocolate. "O transtorno alimentar infantil compromete o desenvolvimento. Não é uma condição frequente, mas é preciso estar atento, pois pode trazer repercussões definitivas, como alteração no crescimento", avisa. 

A doença pode se manifestar em bebês, crianças e em pré-adolescentes, e os sintomas variam entre falta de apetite, fraqueza, mudanças de humor e atraso no crescimento. Quanto mais desses sintomas aparecem maior o sinal de alerta de que é preciso procurar um médico para uma orientação nutricional.  

Para Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa, é frequente os pais negarem o problema e só buscarem ajuda quando os sintomas são intensos. "O surgimento do transtorno alimentar infantil é multifatorial. Costuma ser uma associação de fatores genéticos, culturais e traumáticos", diz. 

Segundo a nutricionista Fernanda Caprio, os transtornos alimentares na infância podem aparecer quando associados a distúrbios emocionais e/ou alterações no relacionamento mãe/filho durante os primeiros anos da vida da criança, quando a figura materna garante segurança, proteção e confiança ao filho.  

"O tratamento dos transtornos alimentares na infância envolve toda a família. Com interesse, paciência, atenção e informação, esses quadros podem ser revertidos antes de evoluírem, para que a criança se desenvolva de maneira adequada, saudável e feliz", garante. O tratamento indicado é multidisciplinar e envolve profissionais de diversas áreas da medicina (pediatria, psicologia, nutrição, entre outros), além, é claro, do componente familiar. 

De acordo com Wylma Hossaka, os pais têm um papel fundamental nesse processo. "É preciso que tenham calma, paciência, comecem a regrar os horários e façam acompanhamento com especialistas", sugere. 

Criatividade

A criatividade pode ajudar na hora das refeições das crianças. Levá-las para cozinhar, mostrar os alimentos, fazer feira e supermercado são atitudes capazes de despertar o apetite delas. "Famílias que possuem hábitos alimentares adequados estimulam a boa alimentação na infância", diz a nutricionista Cintya Bassi. 

"Além disso, é importante compreender o apetite da criança para não forçar que ela coma mais do que tem vontade. Respeite o apetite da criança. Sempre que possível, envolva a criança no preparo do alimento, apresente o alimento em diferentes preparações e não ofereça guloseimas como recompensas", orienta.  

Transtorno alimentares comuns na infância

Pica - É a ingestão frequente de substâncias sem valor nutritivo e que não faz parte da cultura alimentar por um período mínimo de 1 mês, por exemplo, terra, cabelo, cinzas de fumaça, etc. Mais comum em crianças com autismo ou retardo mental 

Transtorno de Ruminação - Quando ocorre a volta do alimento ingerido e sua remastigação, sem que seja associada a nenhuma condição clínica Seletividade alimentar A criança só come determinados alimentos e se recusa a incluir qualquer item novo na sua rotina alimentar   

Fonte: Cintya Bassi, nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão  

Dicas 

  • Respeite o apetite da criança, sem forçar a alimentação 
  • Prepare refeições diferentes e com o auxílio da criança, promovendo a interação entre ela e os alimentos  
  • Tenha paciência na hora de apresentar novos alimentos  
  • Não ofereça doces e sobremesas como recompensas, nem a hora das refeições como castigo  

Fonte: Fernanda Caprio, nutricionista clínica funcional e nutricionista infantil

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