Quem volta de férias traz na memória as lembranças de como é bom desacelerar o corpo e a mente. Durante o descanso, a tensão cotidiana dá lugar a um sentimento de leveza e a uma energia sem fim, mas basta o ano começar de verdade para o turbilhão diário de exigências acabar com essa harmonia. O grande problema é que, na correria, as resoluções correm o risco de ficar em segundo plano e até de não saírem nunca do papel. Esse risco aumenta todos os dias que você não se dá conta do rumo que a vida está tomando.
Quem vive atarefada demais e sem tempo para os próprios objetivos acaba funcionando como se estivesse sempre no piloto automático. "É como dirigir um carro com o freio de mão puxado. Você até consegue dar conta das suas tarefas, mas está sempre sem energia, força e motivação. O nível de atenção consciente diminui e, por consequência, cai a qualidade das ações e a percepção das oportunidades que estão ao redor", compara o consultor organizacional Eduardo Shinyashiki, autor do livro "Transforme seus sonhos em vida" (Editora Gente).
Uma vida agitada demais e desconectada dos anseios íntimos e pessoais pode desencadear males emocionais e físicos, de acordo com Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. "Por conta do ritmo acelerado, o organismo produz um excesso de hormônios que diminuem a imunidade e prejudicam os processos de recuperação corporais, a exemplo da noradrenalina e do cortisol", explica. "Além disso, a situação pode precipitar uma crise no relacionamento com família, amigos e colegas de trabalho", completa o especialista.
Mas não é porque a vida é corrida que você precisa acompanhar esse ritmo frenético. Para promover a mudança interior é preciso aceitar que não dá para abraçar o mundo e começar a trazer mais serenidade à rotina. Quem se desdobra para dar conta de uma agenda de Mulher-Maravilha sempre chega ao fim do dia com a sensação de que não sobrou nada para si mesma. "É muito comum que as mulheres se coloquem sempre em último lugar na lista de prioridades. Se elas marcam a manicure e acontece algum imprevisto com o filho, no trabalho ou em casa, elas desmarcam e vão resolver. O compromisso delas é o primeiro a ser cancelado", aponta o especialista em gerenciamento do tempo e produtividade pessoal, Christian Barbosa.
A longo prazo, o excesso de tarefas e a insistência em ignorar os próprios desejos e necessidades acabam trabalhando contra a produtividade. "Quando percebemos, já estamos cansados demais, completamente desanimados, e deixamos de cumprir a contento as obrigações diárias", conclui.
Dona do seu tempo
Portanto, se a ideia é resgatar a conexão consigo mesma, rever as metas dia a dia e, principalmente, ajustar o curso dos acontecimentos aos seus reais objetivos de vida, criar tempo para refletir e relaxar é essencial. De acordo com Barbosa, a palavra-chave para isso é planejamento. "As pessoas dizem não ter tempo porque, na verdade, não sabem o que têm de fazer. De repente, elas estão perdidas naquele monte de tarefas que se tornaram urgentes e não conseguem se organizar para cumpri-las", aponta.
"Para começar, anote numa agenda tudo o que deve ser entregue e realizado nos próximos três dias. Planejar-se com antecedência é importante para ter controle sobre a situação e enfrentar a rotina sem tantos sobressaltos", ensina Barbosa.
Feito isto, encaixe no cronograma os compromissos e tarefas ligados à sua própria satisfação. Sem culpa e sem medo de ser feliz. Vale incluir o passeio no shopping, a visita ao salão de beleza, o almoço com as amigas, o jantar romântico com o parceiro e até o tempo para brincar com os filhos. Afinal, até para se realizar pessoalmente você precisará de um mínimo de organização. "Se a meta deste ano é emagrecer, por exemplo, abra espaço na agenda para ir à academia. Quem quer ganhar mais dinheiro, por outro lado, terá de reservar tempo para assumir trabalho extra", sugere.
E mesmo nos dias mais difíceis, dê um jeito de escapar da correria para respirar e se refazer, nem que seja por cinco minutos. Muitas vezes, basta ouvir uma música que você adora, almoçar em um lugar bem gostoso ou caminhar por cinco minutos num lugar tranquilo. Tudo isso reduz o impacto do estresse no organismo, permitindo que você enfrente o resto do dia de forma mais leve e sem perder de vista o que realmente importa. "Quando tomamos consciência do que queremos e do que é preciso fazer para atingir nossos objetivos, retomamos as rédeas da nossa vida. Quem não faz essas reavaliações constantes acaba deixando os rumos da sua existência nas mãos dos outros, ou seja, permite que os eventos e o contexto externo influenciem demais em sua vida íntima", alerta Eduardo Shinyashiki.
Fonte: UOL São Paulo
Uma vida agitada demais e desconectada dos anseios íntimos e pessoais pode desencadear males emocionais e físicos, de acordo com Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. "Por conta do ritmo acelerado, o organismo produz um excesso de hormônios que diminuem a imunidade e prejudicam os processos de recuperação corporais, a exemplo da noradrenalina e do cortisol", explica. "Além disso, a situação pode precipitar uma crise no relacionamento com família, amigos e colegas de trabalho", completa o especialista.
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