A ansiedade é capaz de deixar o corpo todo em estado de alerta. O sentimento é necessário para a nossa sobrevivência, assim como o medo, pois faz com que sejamos mais cuidadosos. "O medo é uma reação natural frente a um perigo identificável e visível, enquanto a ansiedade é uma emoção mais difusa, uma expectativa de perigo", diz o psicólogo especialista no tratamento de transtornos de ansiedade Artur Scarpato, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Mas, quando em excesso, a ansiedade atrapalha, deixando a pessoa dispersa ou excessivamente preocupada e inquieta. Veja, a seguir, quais são as atitudes cotidianas que geram ansiedade e saiba evita-las. Por Marina Oliveira e Rita Trevisan - UOL Comportamento.
TER DIFERENTES CONTAS: isso vale tanto para as contas no banco quanto para as de e-mail. Na prática, você só terá mais informações para monitorar e administrar, o que não favorece quem já tem tendência a ser ansioso. "A impressão que fica é a de que as coisas estão escapando pelos dedos e de que não estamos conseguindo lidar adequadamente com todas as demandas, o que evidentemente gera ansiedade", diz o psicólogo especialista no tratamento de transtornos de ansiedade Artur Scarpato, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
NÃO USAR AGENDA: na maioria das vezes, quem alega não ter tempo gerencia mal os seus horários. Assim, sem organizar as prioridades, tudo se torna urgente. E é então que bate a ansiedade. "É um ciclo vicioso, quanto mais desorganizados, mais ficamos ansiosos. E quanto mais ansiedade, mais nos desorganizamos", afirma o psicólogo Armando Ribeiro, coordenador do programa de avaliação do estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Para quebrar esse ciclo, o segredo é investir no planejamento. Comece utilizando uma agenda, na qual você deve anotar os seus compromissos, em ordem de importância, para os próximos três dias. Isso tornará mais fácil adquirir controle sobre a própria rotina
ESTAR SEMPRE CONECTADO ÀS REDES SOCIAIS: quem é muito ativo nas redes sociais espera por uma interação a todo momento. É o tipo de pessoa que fica preocupada com o que os outros vão achar das postagens que fez. "Esse processo deixa algumas pessoas muito ansiosas, principalmente quem é mais inseguro, quem tem medo da rejeição, quer reconhecimento e popularidade", diz o psicólogo especialista no tratamento de transtornos de ansiedade Artur Scarpato, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
TER UMA VIDA SEDENTÁRIA: a prática esportiva regular (ao menos três vezes na semana) funciona como uma válvula de escape para a agitação e ajuda a tirar a atenção das expectativas negativas que geralmente são alimentadas pelos ansiosos. "O exercício ainda leva à liberação de endorfina, substância química que ajuda a regular o humor", afirma a psiquiatra e psicoterapeuta Fernanda Gonçalves Moreira, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Os sedentários, por outro lado, são submetidos diariamente a níveis tóxicos de adrenalina e cortisol. "Estamos falando de duas substâncias que mantêm o corpo acelerado. Esse quadro pode gerar uma série de doenças físicas e emocionais", diz o psicólogo Armando Ribeiro, coordenador do programa de avaliação do estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Entre elas estão as dores crônicas, a hipertensão e as complicações coronárias
BEBER MUITO CAFÉ: a bebida, que é bastante tradicional no Brasil, contém substâncias estimulantes. Por isso mesmo, o consumo excessivo, acima de quatro xícaras pequenas (ou 200 ml) por dia, pode causar sintomas parecidos com os de um quadro agudo de ansiedade. Então, o ideal é não ultrapassar esse limite e, sempre que possível, substituir o café por outras bebidas que tenham efeito relaxante, como os chás de camomila, erva-cidreira e erva-doce
DEIXAR TUDO PARA A ÚLTIMA HORA: o hábito de adiar compromissos importantes e deixar para fazer suas obrigações sempre que você se vê na iminência de perder um prazo é um importante fator gerador de ansiedade. Da mesma forma, sair para um compromisso em cima da hora pode fazer a emoção disparar, afetando o equilíbrio de todo o organismo. "É preciso planejar os horários já prevendo os deslocamentos. Isso garante a tranquilidade necessária para cumprir com todas as obrigações dando a cada uma delas a atenção adequada", diz a psiquiatra e psicoterapeuta Fernanda Gonçalves Moreira, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
NÃO DESGRUDAR DO SMARTPHONE: o uso contínuo do aparelho nos distrai de outras atividades, incluindo as profissionais. E não há nada pior para o ansioso do que chegar ao fim do dia com a sensação de que não rendeu no trabalho. "Não adianta estar presente em um ambiente, mas ficar com a cabeça em outro lugar. Esse tipo de atitude nos obriga a dividir a atenção, levando à perda de eficiência", diz o psicólogo especialista no tratamento de transtornos de ansiedade Artur Scarpato, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). "Além disso, pode reforçar o sentimento de que não estamos dando conta das coisas. O resultado é sempre a ansiedade", afirma
DORMIR MAL: o sono é fundamental para a manutenção da saúde do corpo e das emoções. "Quem não consegue dormir ou dorme mal e já acorda cansado fica mais vulnerável a sofrer de depressão ou ansiedade", explica o psicólogo Armando Ribeiro, coordenador do programa de avaliação do estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Além disso, quem acorda indisposto naturalmente rende menos durante todo o dia. Para driblar o problema, pratique atividades relaxantes à noite e tenha horários fixos para dormir e acordar
TER PENSAMENTOS NEGATIVOS: alimentamos a nossa ansiedade a cada vez que temos um pensamento catastrófico, quando nos concentramos apenas nos aspectos negativos de uma determinada situação que estamos vivenciando ou pela qual inevitavelmente vamos passar. "Muitas vezes, os nossos medos nos fazem criar o que chamamos, em consultório, de fantasias psicológicas. A fantasia da autoestima baixa, por exemplo, está relacionada ao medo de se mostrar incompetente ou inferior aos demais", explica o psicólogo pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Marcelo Quirino
LUTAR CONTRA A PRÓPRIA ANSIEDADE: alimenta a ansiedade quem tenta combatê-la a qualquer custo. "Essa luta interna cria um grande nível de tensão, afetando a performance e o bem-estar", diz o psicólogo especialista no tratamento de transtornos de ansiedade Artur Scarpato, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Ele explica que a ansiedade deve ser compreendida como uma emoção natural que precisa ser tolerada. "É importante permitir que a ansiedade se manifeste em alguns momentos do dia a dia. Só é preciso saber controlá-la, especialmente quando ela estiver fazendo com que você se sinta desconfortável", diz. Nesses casos, vale parar tudo, recolher-se e respirar bem tranquilamente, por alguns minutos
Fonte: UOL Comportamento