domingo, novembro 18, 2012

Terapias equilibram transtorno de déficit de atenção e hiperatividade!

Escola e família têm papel fundamental no tratamento
 
Terapias equilibram Déficit de Atenção e Hiperatividade


Por Elen Valereto
DiarioWeb / Diário da Região
São José do Rio Preto - SP, 15/11/2012
 
A fase da infância é marcada pelas brincadeiras e o início da inserção em círculos de amizades. O que chama atenção, no entanto, pode ser um excesso de energia, impulsividade e, ao mesmo tempo, desatenção da criança. Essas descrições gerais são atribuídas para um transtorno neurobiológico conhecido como TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. O problema geralmente é hereditário e, conforme estudos mais recentes, não tem cura, embora possa ter seus sinais menos acentuados durante outras fases da vida.

Para melhorar a qualidade de vida da criança com TDAH no período mais acentuado, os tratamentos envolvem medicamentos prescritos por orientação médica após o diagnóstico. Entre eles estão estimulantes, não-estimulantes e até antidepressivos, sendo o primeiro e mais eficaz na maioria dos casos.

Quando não há o tratamento já na infância ou ele não está adequado ao quadro, a vida dessa pessoa com TDAH pode ser marcada por dificuldades escolares, em relacionamentos social e amoroso e complicações profissionais. Como consequência desses problemas, é desenvolvida baixa autoestima e maior propensão ao abuso de álcool e uso de drogas. Segundo o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, para ampliar os cuidados a quem tem TDAH também estão sendo aprovados tratamentos não-farmacológicos.

Entre esses tratamentos estão a terapia cognitivo-comportamental e o neurofeedback, que ajudam a desenvolver e treinar novos padrões de comportamento e até com uso de sensores e jogos eletrônicos.Recentemente, uma pesquisa da Michigan State University, publicada no Journal of Pediatrics, observou que o estímulo diário de pelo menos 20 minutos de exercício aeróbio com crianças ajuda a melhorar a performance cognitiva de diagnosticados com déficit de atenção e hiperatividade.

A psicóloga clínica Miriam Barros, que atua há 15 anos na área de transtornos do humor, distúrbios comportamentais e relacionamentos familiares, acrescenta que a criança deve ser acompanhada por psiquiatra infantil e psicólogo, além de terapia e medicamento. “O medicamento age diretamente na química cerebral e a psicoterapia ajuda a criança ou adolescente a lidar melhor com os sintomas e melhorar a autoestima, que normalmente fica bastante prejudicada.”

Participação familiar

A psicóloga Miriam Barros explica que as pessoas que apresentam TDAH nascem com um funcionamento diferente em uma determinada área do cérebro, o córtex pré-frontal. É essa região que gera os problemas em relação à concentração, atenção, impulsividade e hiperatividade. “Os sinais começam a aparecer normalmente na fase escolar, quando a criança é mais exigida com relação a atenção e comportamento. Mas é preciso cuidado ao fazer o diagnóstico, pois os sinais são apresentados por crianças que também não têm o distúrbio, só que em proporção menor, enquanto no TDHA são mais exagerados”, diz a psicóloga.

Por isso é fundamental o envolvimento da família para acompanhar o tratamento escolhido e a evolução da criança na infância e na transição de outras fases. “Os pais são fonte de segurança e disciplina para os filhos, e as crianças se desenvolvem mais plenamente em um ambiente afetuoso e equilibrado emocionalmente”, afirma o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, de São Paulo.

A psicóloga Miriam complementa que os pais devem oferecer todo o apoio e tomar cuidado com as críticas. Isso porque muitas cobranças feitas são incompatíveis com os retornos para o quadro. “A informação é fundamental. Tanto pais quanto escola devem procurar saber tudo sobre TDHA. A escola deve oferecer orientação aos professores para que saibam agir adequadamente em sala de aula, não apenas com esse distúrbio, mas com outros também”, diz.

Terapias ganham espaço no tratamento

O psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, de São Paulo, dá mais explicações a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).


Diário da Região – Quais são as principais características de crianças com TDAH?
Armando Ribeiro das Neves Neto – Para o diagnóstico clínico de TDAH, o médico e/ou psicólogo clínico se baseiam em critérios diagnósticos internacionalmente validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Associação Americana de Psiquiatria (AAP). Hoje, existe uma bateria de testes neuropsicológicos aplicados por psicólogos especialistas em neuropsicologia, que ajudam a fundamentar o diagnóstico clínico e posterior tratamento. Os principais sintomas sas queixas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Entre esses três sinais estão os erros por descuidos, negações em realizar atividades que exijam esforço mental, a perda de objetos, esquecimento e distração, agitação física frequente, inquietação, dificuldade para brincar e aguardar pela sua vez, respostas precipitadas e intromissões.

Diário – Quais os benefícios de atividades físicas nesses casos?
Neves Neto – Alguns estudiosos apostam na indução de neuroplasticidade, no aumento de volume cerebral, na região do cíngulo anterior, uma área responsável por boa parte dos sintomas do TDAH. Além de auxiliar no desenvolvimento saudável do cérebro, a atividade física estimula a sociabilidade, a compreensão de regras sociais, a convivência em equipe e pode ajudar na escolha de alimentos mais saudáveis.

Diário – Que tratamentos são mais indicados hoje?
Neves Neto – Além dos tratamentos farmacológicos prescritos por orientação médica, cada vez mais tratamentos não-farmacológicos vêm sendo aprovados para os portadores do TDAH, como a terapia cognitivo-comportamental.

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