terça-feira, novembro 27, 2012

Só por hoje. Prática meditativa auxilia familiares a viverem melhor. Revista Anônimos

 

Vivendo o presente
 
 
Diversas técnicas terapêuticas beneficiam dependentes químicos e seus familiares na construção da qualidade de vida, após a vivência dos traumas e estresse contínuo. Entre elas, está a mindfulness, prática de meditação adaptada do budismo tibetano no ocidente com resultados comprovados. Armando Ribeiro das Neves Neto é psicólogo, especialista na técnica, coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, especialista do programa Saúde Emocional do canal Bem Simples. Em entrevista à revista Anônimos, ele fala sobre a prática que se concentra na capacidade de viver plenamente o presente.
 
Revista Anônimos - Como funciona o mindfulness?
Armando Ribeiro - O mindfulness (atenção plena em português) é uma prática de meditação, sem vínculos religioso, que foi adaptada pelo pesquisador dr. Jon Kabat-Zinn, coordenador da Clínica de Redução do Estresse e do Centro de Mindfulness do Centro Médico da Universidade de Massachusetts (EUA) para problemas de saúde comuns aos disas de hoje e que são causados principalmente pelo estresse crônico, ansiedade, depressão, entre outros. Embora o mindfulness seja uma prática milenar originada do budismo tibetano, diversos pesquisadores médicos no ocidente vem utilizando essa estratégia complementar como um recurso auxiliar na prática da Medicina Comportamental ou da Terapia Cognitivo-Comportamental para todos os pacientes que desejam ou necessitam aumentar o seu autocontrole e percepção dos próprios pensamentos, emoções e comportamentos. Existem práticas formais e informais de mindfulness, mas todas se concentram na capacidade de viver plenamente o presente, saindo do piloto-automático da vida cotidiana.
 
RA - Quais são os objetivos das práticas de mindfulness? O que elas proporcionam?
ARNN - O objetivo principal das práticas de mindfulness é viver plenamente o presente, focando a mente na respiração, no corpo, ou nos próprios pensamentos. Os resultados mais importantes pesquisados sobre a prática regular de mindfulness são: redução do estresse crônico, redução da dor crônica, diminuição da ansiedade e de pressão, diminuição das condições psicossomáticas, diminuição de pensamentos obsessivos, aumento do autocontrole, aumento da qualidade de vida, recurso auxiliar na abstinência química, entre outros.

RA - Como são os exercícios? Poderia descrever alguns deles para os nossos leitores?
ARNN - Existem práticas formais e informais. As formais geralmente são objeto de treinamento por terapeutas especializados e necessitam de maior tempo de treinamento e acompanhamento. Nas práticas informais, o objetivo é viver plenamente o presente com "a mente de principiante", sem julgamento ou racionalização. Atividades diárias, tais como: caminhar, respirar, trabalhar, lavar louça, lavar o carro, cuidar do jardim, escovar os dentes, estar junto com amigos podem ser adaptadas para que se tornem excelentes oportunidades de cultivar a plena atenção. Lembre-se sempre que o objetivo é sair do piloto-automático da mente e passar a viver plenamente o aqui-e-agora, possibilitando lidar de forma mais criativa com as situações do dia-a-dia. Para sensibilizar alguns pacientes da experiência de atenção plena gosto muito de apresentar um exercício tradicional de mindfulness que utiliza apena uma uva passa. Quanto tempo normalmente leva para comer uma uva passa? Alguns segundos. Neste exercício, somos incentivados a utilizar todos os nossos sentidos e vivenciar a degustação de uma única uva passa, em pelo menos 5 minutos de atenção plena. A consciência é totalmente diferente!

RA - De acordo com pesquisas, o nível de estresse que o familiar de um dependente de álcool e outras drogas experimenta é altíssimo. Como o mindfulness poderia auxiliar estes familiares?
ARNN - Primeiramente... 

Continuação...
 
Fonte: Revista Anônimos (ano 3 - nº 17 - 2012)

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