terça-feira, fevereiro 21, 2012

Por que mentir é tão comum para o ser humano?



Por que mentir é tão comum para o ser humano?

Diário da Região - Diarioweb
São José do Rio Preto, 21 de Fevereiro, 2012 - 1:44
Por Francine Moreno

Homens e mulheres mentem. Alguns são manipuladores, outros bons atores. Há mentirosos espontâneos, outros eloquentes. Tem aqueles bem preparados, experientes e convincentes. Uns mentem melhor, outros menos. Há ainda ótimos inventores, que contam histórias absurdas. E a correria do dia a dia favorece os mentirosos, com uma mentira podendo atingir e lubridiar até milhares de pessoas. Mas a mentira pode estar perto do fim. Na era do Google e das redes sociais, com a velocidade da informação e a facilidade de acesso a todo tipo de dados, as mentiras podem não se sustentar.

Em um artigo publicado no site Vya Estelar, a psicóloga e escritora Patricia Gebrim afirma que a tendência é de os mentirosos perderem cada vez mais seu crédito. Diz que eles continuarão existindo, mas cada vez mais saberemos quem são eles. “As máscaras cairão”.Hoje em dia, com o celular e a internet, qualquer um pode tirar uma foto ou fazer um vídeo e daqui a dois minutos este material estar no mundo inteiro. Proteger a privacidade num mundo onde o eixo do poder mudou completamente já é difícil. Imagine para quem mente.

As previsões de catástrofes e até o fim do mundo em 2012 pode também significar uma mudança de consciência sobre a mentira. As pessoas querem manter relações confiáveis. Sendo assim, na opinião da especialista, tudo o que se tentava esconder tornará visível. Para ela, os novos tempos não mais aceitarão covardes. “Aqueles que optarem por permanecer ocultando a verdade, de si mesmos ou de outros, sofrerão grandes abalos. Eles serão cada vez mais expostos.”

Saúde e consciência

A verdade é libertadora. Resultados de estudos conduzidos nos Estados Unidos pelo psicólogo e pesquisador James Pennebaker, da Universidade do Texas, revelaram que escrever sobre verdadeiros sentimentos e pensamentos pode abaixar a pressão arterial elevada, diminuir a tensão muscular e a ansiedade.

O psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Check-up do Hospital São José - Beneficência Portuguesa, de São Paulo, afirma que as pessoas não têm conhecimento da quantidade de energia emocional necessária para manter uma mentira. “Elas passam a controlar a nossa vida. Aos poucos, vão criando verdadeiros ‘buracos’ em nossa vida emocional e saúde física. Mentira tem perna curta, mas pesa uma tonelada.”

Para o psicólogo, a transparência e a sinceridade são altamente pacificadoras. Ser verdadeiro, por outro lado, não é um caminho fácil. “As relações humanas são altamente instáveis e caóticas, portanto, manter-se transparente em todas as situações pode inicialmente causar dor e sofrimento.” Para o psicólogo, é preciso cuidado também com aqueles que se descrevem como supersinceros. “Eles podem esconder uma forma velada de irritação e de contrariedade”.

José Henrique Rios, psicólogo e psicoterapeuta, diz que 2012 é o momento para procurar ser verdadeiro, ser melhor. “Sempre é importante darmos um salto em nossa consciência. O fato de você acreditar que não vai ter mais tempo suficiente para fazer ou que deseja ou precisa fazer sempre acaba produzindo um clima favorável para a tomada de consciência, para a busca de si mesmo.”

Tratamento

Existe tratamento para mentirosos. O psicólogo Armando Ribeiro afirma que a terapia cognitivo-comportamental pode auxiliar, por meio da identificação dos pensamentos distorcidos e dos ganhos imediatos da mentira. “O que leva à mentira (causa) é um fator fundamental para a possibilidade da recuperação. Se for criança ou adolescente, a família tem um papel fundamental no tratamento psicológico”.

Por outro lado, José Henrique Rios, psicólogo e psicoterapeuta, afirma que sempre haverá a mentira. “O mentiroso patológico, por exemplo, sempre encontrará maneiras de satisfazer-se com suas mentiras. A mentira exercida e praticada encontrará sempre maneiras de burlar e infringir as normas.”Para ele, o comportamento muda em função da tecnologia disponível. “A mentira também muda. O acesso às informações de forma mais rápida não impede que a mentira exista. Veste outras roupagens apenas. A mentira sempre fez e sempre fará parte do ser humano.”

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