terça-feira, outubro 28, 2014

Psicologia Organizacional e do Trabalho estarão representadas no IV CBP

Profissionais que atuam na área irão revelar a diversidade da prática por meio de suas apresentações
Psicologia Organizacional e do Trabalho, mais conhecida por POT, ganhou considerável destaque nos últimos anos, por um lado devido ao crescimento do mercado de trabalho e à valorização da qualidade de vida nas organizações e, por outro, por seu desenvolvimento acadêmico. No IV Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão (CBP), que acontece entre 19 e 23 de novembro, em São Paulo (SP), a área mostrará seu recente protagonismo por meio de diversos profissionais que irão apresentar suas práticas.
“A Psicologia Organizacional sempre teve presença importante na Psicologia. Ela já foi uma espécie de patinho feito quando o enfoque da formação era eminentemente clínico e poucos, no Brasil, dedicavam-se ao seu desenvolvimento acadêmico”, relata o professor de Psicologia da PUC-SP e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Ação Social, Odair Furtado.
Segundo Furtado, até pouco tempo a Psicologia Organizacional ficava relegada ao “fazer” organizacional e, geralmente, os professores da área eram “alguém do mercado de trabalho” que ensinava como reproduzir esse fazer: “Hoje podemos dizer que ela é um cisne em fase de crescimento!”, comemora, citando excelentes contribuições como as de Wanderley Codo.
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Expansão
Este crescimento, segundo Furtado, não aconteceu “do nada”, mas sim por meio da organização de psicólogos e psicólogas na área. Um exemplo foi a construção da Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho (SBPOT) e a construção Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), que tem a participação da SBPOT. “É ali que ocorre essa salutar integração que resulta em eventos como o CBP”, acredita o psicólogo, que irá apresentar dois trabalhos no IV CBP.
A expansão da Psicologia Organizacional também tem relação, segundo o professor de Gestão de Pessoas na Faculdade de Nova Serrana (MG), Luiz Paulo Ribeiro, com a valorização dos profissionais nas organizações, em estreita correlação com a gestão de pessoas (GP) e a mudança de paradigma de se considerar o funcionário enquanto pessoa. “O crescente número de psicólogos nas organizações só faz sentido se pensarmos que a POT, por meio da GP, tem servido às organizações como ferramenta para alcance de lucros, de minorar adoecimentos e impactos das mudanças e de ‘motivar’ funcionários”, afirma.
Desafios
Para Luiz Paulo, “o desafio de qualquer psicólogo da POT é saber contrabalançar entre os desejos organizacionais e as necessidades dos trabalhadores sem se perder ou se entregar às seduções de ambos”. Segundo ele, muitos profissionais ferem o Código de Ética Profissional em favor da empresa, culpabilizando os funcionários ou colaboradores.
A mestranda da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Talita Caetano, que também irá apresentar três trabalhos no IV CBP, conta que seu interesse pela área surgiu ainda na graduação, durante o estágio que fez em uma empresa júnior da disciplina de Psicologia da indústria. Segundo ela, ainda há muito preconceito em relação à área, por isso a importância de abordá-la em um evento de grande porte como o Congressão.
“Em geral, os alunos do curso de Psicologia não reconhecem a importância do campo, ou não o vêm de modo integrativo e mais amplo, como se a POT fosse uma coisa só. Relaciona-se muito a POT com o capitalismo”, diz Talita.  Em sua visão, dois cenários apresentam desafios para a área: o conceito de mercado flexível, o qual prevê que o indivíduo aja de uma maneira mais autônoma, mas sempre de forma contraditória: “a grosso modo, é apenas uma forma diferente de fazer com que o indivíduo alcance os objetivos da empresa”. E ainda a busca desenfreada por qualificação.
“A partir deste novo cenário de mercado, as relações entre os colaboradores das organizações tornam-se cada vez mais individuais e competitivas. O indivíduo, apesar de ter certa liberdade em realizar suas tarefas, não consegue conciliar as outras esferas da sua vida como, por exemplo, a família”, expõe Talita.
Integração
No caso da psicóloga e servidora pública Alciane Barbosa, o interesse pela POT veio mais tarde, quando passou a integrar o Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Universidade Federal de Goiás (UFG).  As relações entre trabalho e saúde mental comporão uma de suas apresentações no IV CBP. “Decidimos abordar o tema diante da falta de conhecimento da comunidade interna e externa à UFG sobre o trabalho realizado pelos psicólogos da instituição junto aos servidores docentes e técnicos-administrativos”, explica.
Segundo Alciane, o mundo do trabalho está em constante mudança e o grande desafio é promover desenvolvimento nas organizações em consonância com a saúde e desenvolvimento dos trabalhadores. “A integração com o conhecimento produzido em outras áreas, como da saúde, da educação e da Psicologia Social podem contribuir neste sentido, enriquecendo a POT. Discutir questões específicas com pessoas de outras subáreas da Psicologia e de outras áreas do conhecimento sempre enriqueceu o meu trabalho”, diz.
Uma iniciativa de integração foi tomada pela psicóloga clínica e organizacional Ana Carolina Moura, que tem uma empresa de assessoria para bares e restaurantes na área de recursos humanos. “Desde que me formei, trabalho na área de recursos humanos em empresas do ramo da alimentação. Porém, também tenho formação e trabalho como psicóloga clínica. Com o objetivo de unir as duas profissões montei a minha empresa e consigo conciliar as duas áreas, além de realizar um trabalho na área organizacional como eu realmente acredito”, conta.  Esse, por sinal, será o tema de seu trabalho no IV CBP, o “Como eu faço…” intitulado Gestalt-Terapia nas organizações: um desafio da Psicologia.
Outro trabalho sobre o tema será do psicólogo Armando Ribeiro, consultor em Gestão do Estresse, Bem-Estar e Qualidade de Vida no Trabalho, que irá abordar no CBP a questão da saúde ocupacional como fator estratégico para o sucesso das organizações e de culturas organizacionais mais saudáveis. “São temas emergentes que tornam o papel do psicólogo nas organizações cada vez mais fundamental”.
Sua descoberta da Psicologia Organizacional veio após mais de quinze anos de atendimento na clínica, quando as pessoas mostravam que parte do seu processo de adoecimento vinha do ambiente de trabalho. “As relações no ambiente de trabalho vêm sendo intoxicadas por metas irrealistas, estímulos de um ambiente competitivo e muitas vezes do ‘mobbing’, a fim de promover resultados a qualquer preço”, relata.
Por outro lado, Ribeiro destaca avanços na Psicologia Organizacional e do Trabalho. É o caso, por exemplo, da descoberta, por parte das (os) psicólogas (os), de atuações que vão além das tradicionais áreas de Recursos Humanos ou das atividades de seleção, recrutamento e treinamento nas empresas. “A Psicologia vê que dentro ou fora das organizações pode contribuir para o desenvolvimento de carreiras, como coaching psicológico, auxiliando profissionais a alcançarem a excelência profissional e liderança em suas atividades laborais”, conclui.
Fonte: IV CBP

Um comentário:

  1. Outro trabalho sobre o tema será do psicólogo Armando Ribeiro, consultor em Gestão do Estresse, Bem-Estar e Qualidade de Vida no Trabalho, que irá abordar no CBP a questão da saúde ocupacional como fator estratégico para o sucesso das organizações e de culturas organizacionais mais saudáveis. “São temas emergentes que tornam o papel do psicólogo nas organizações cada vez mais fundamental”.
    Sua descoberta da Psicologia Organizacional veio após mais de quinze anos de atendimento na clínica, quando as pessoas mostravam que parte do seu processo de adoecimento vinha do ambiente de trabalho. “As relações no ambiente de trabalho vêm sendo intoxicadas por metas irrealistas, estímulos de um ambiente competitivo e muitas vezes do ‘mobbing’, a fim de promover resultados a qualquer preço”, relata.
    Por outro lado, Ribeiro destaca avanços na Psicologia Organizacional e do Trabalho. É o caso, por exemplo, da descoberta, por parte das (os) psicólogas (os), de atuações que vão além das tradicionais áreas de Recursos Humanos ou das atividades de seleção, recrutamento e treinamento nas empresas. “A Psicologia vê que dentro ou fora das organizações pode contribuir para o desenvolvimento de carreiras, como coaching psicológico, auxiliando profissionais a alcançarem a excelência profissional e liderança em suas atividades laborais”, conclui.

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