sábado, outubro 20, 2012

Festa de divórcio é um dos temas da novela “Salve Jorge”

Até que a festa os separe

Por Daniela Fenti
Jornal Diário da Região / DiarioWeb
São José do Rio Preto, 20 de outubro de 2012
 

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Cléo Pires vai interpretar Bianca, que usa buquê sombrio e bolo divertido para marcar separação no folhetim de Glória Perez
Festa de divórcio, descasamento, chá de vida nova, despedida de casado, bodas de papel rasgado... Nomes divertidos não faltam para descrever uma nova tendência, adotada no exterior e que será apresentada agora à maioria dos brasileiros por meio da novela “Salve Jorge”, de Glória Perez, que estreia nesta segunda-feira, na faixa das 21 horas, na Globo. Na trama da TV, Bianca (Cleo Pires) troca os Estados Unidos pelo Brasil e prepara uma festa para celebrar o fim de seu casamento. 

Em uma versão “noiva de luto”, a atriz aparece segurando um buquê de peônias negras. Outros elementos fazem uma espécie de paródia à união conjugal, como um bolo partido em duas metades, com o noivo enterrado de ponta-cabeça, e um vídeo, com imagens descontraídas sobre o tema, como uma aliança em cima da palavra “divórcio” e uma placa de carro com os dizeres “ele se foi”. O ex (Diego Cristo) aparece amigavelmente no evento - o que nem sempre acontece na vida real.

De acordo com a produtora de arte do folhetim, Fernanda Bedran, as cenas são fruto de uma vasta pesquisa, especialmente nos Estados Unidos. Uma das pioneiras nesse tipo de comemoração foi a modelo norte-americana Shanna Moakler, conhecida como uma das Coelhinhas da Playboy. Em novembro de 2006, ela festejou o rompimento com o baterista Travis Barker, pai de seus dois filhos, e posou para a imprensa ao lado de um bolo, decorado com um noivo caído e ensaguentado. Se ela não lançou moda na época, pelo menos a oficializou.                 

Desde então, o céu é o limite para esse novo nicho do comércio. Há até um site especializado que ajuda as pessoas a preparar o marco da mudança, o “divorcepartysupply.com”, e uma loja com listas de divórcio, a britânica Debenhams. A ideia da Debenhams, que nasceu há aproximadamente dois anos, consiste em sugerir presentes, que vão de produtos de cama, mesa e banho a eletrodomésticos, a fim de que familiares e amigos colaborem com os ex-casais na nova etapa. 

No Japão, o ritual para romper os laços matrimoniais é mais contido. Uma empresa criada há aproximadamente três anos incentiva a destruição de uma aliança, cujos restos são colocados na boca da estátua de um sapo. Segundo a cultura oriental, o anfíbio simboliza um retorno. Outra curiosidade é que o vestido usado durante a “desunião” é mais caprichado nas costas, pra ser visto quando a mulher se afasta.


A cerimônia de “volta à solteirice” tem ganhado popularidade no País, especialmente depois de um terremoto e de um tsunami, em março de 2011. As tragédias são vistas como sinônimo de recomeço e de mudança de prioridades para ambos os sexos.


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Shanna Moakler foi uma das precursoras do modismo

Psicólogos avaliam a nova situação
Os números do registro civil 2010, apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a taxa de divórcio atingiu seu maior valor desde 1984: 1,8 para cada 1 mil pessoas de 20 anos ou mais. Comumente visto como motivo de tristeza e até de vergonha, hoje esse estado civil é encarado também como símbolo de liberdade e de prazer.

De acordo com o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, de São Paulo, o povo brasileiro é muito criativo e adora as novidades importadas, o que abre brechas para a realização desse tipo de evento também em terras tupiniquins. “Creio que isso pode sinalizar um fenômeno da geração Y, que genericamente dá menos importância às tradições de sua cultura e pode encarar o término da relação como o ‘game over’ do videogame, sem maiores complicações”, explica.

Vale lembrar que a forma de se superar o “luto” e o tempo que o processo vai durar depende de cada um. “Algumas cicatrizes são eternas. A capacidade humana de reagir positivamente às perdas e frustrações é muito pessoal e variável.” Também é preciso acender o sinal de alerta se a festa tiver o intuito de autoafirma-ção, escondendo a dor e o sofrimento daquele que não deixou de amar, em vez de celebrar a continuidade da amizade dos dois, de um jeito bem resolvido.

“A festa pode disfarçar as emoções destrutivas, mas não ajuda a lidar melhor com os cacos de um sonho”, acrescenta. Para que os problemas não aumentem, a psicóloga Veruska Marques de Almeida, de Rio Preto, ensina que é possível alimentar pensamentos de que a parceria amorosa deu certo até o fim. E, é claro, manter uma comunicação sincera, com olho no olho, para encerrar a história com dignidade, assim como começou. “Em todo relacionamento, o respeito é fundamental. Se as pessoas mudarem o modo de ver uma situação, o relacionamento com o outro também vai mudar”, diz ela.

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