Por
Daniela Fenti
Jornal
Diário da Região / DiarioWebSão José do Rio Preto, 20 de outubro de 2012
Divulgação
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Cléo Pires vai
interpretar Bianca, que usa buquê sombrio e bolo divertido para marcar
separação no folhetim de Glória Perez
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Festa
de divórcio, descasamento, chá de vida nova, despedida de casado, bodas de
papel rasgado... Nomes divertidos não faltam para descrever uma nova tendência,
adotada no exterior e que será apresentada agora à maioria dos brasileiros por
meio da novela “Salve Jorge”, de Glória Perez, que estreia nesta segunda-feira,
na faixa das 21 horas, na Globo. Na trama da TV, Bianca (Cleo Pires) troca os
Estados Unidos pelo Brasil e prepara uma festa para celebrar o fim de seu
casamento.
Em uma versão “noiva de luto”, a atriz aparece segurando um buquê de peônias
negras. Outros elementos fazem uma espécie de paródia à união conjugal, como um
bolo partido em duas metades, com o noivo enterrado de ponta-cabeça, e um
vídeo, com imagens descontraídas sobre o tema, como uma aliança em cima da
palavra “divórcio” e uma placa de carro com os dizeres “ele se foi”. O ex
(Diego Cristo) aparece amigavelmente no evento - o que nem sempre acontece na
vida real.
De acordo com a produtora de arte do folhetim, Fernanda Bedran, as cenas são fruto de uma vasta pesquisa, especialmente nos Estados Unidos. Uma das pioneiras nesse tipo de comemoração foi a modelo norte-americana Shanna Moakler, conhecida como uma das Coelhinhas da Playboy. Em novembro de 2006, ela festejou o rompimento com o baterista Travis Barker, pai de seus dois filhos, e posou para a imprensa ao lado de um bolo, decorado com um noivo caído e ensaguentado. Se ela não lançou moda na época, pelo menos a oficializou.
De acordo com a produtora de arte do folhetim, Fernanda Bedran, as cenas são fruto de uma vasta pesquisa, especialmente nos Estados Unidos. Uma das pioneiras nesse tipo de comemoração foi a modelo norte-americana Shanna Moakler, conhecida como uma das Coelhinhas da Playboy. Em novembro de 2006, ela festejou o rompimento com o baterista Travis Barker, pai de seus dois filhos, e posou para a imprensa ao lado de um bolo, decorado com um noivo caído e ensaguentado. Se ela não lançou moda na época, pelo menos a oficializou.
Desde então, o céu é o limite para esse novo nicho do comércio. Há até um site
especializado que ajuda as pessoas a preparar o marco da mudança, o
“divorcepartysupply.com”, e uma loja com listas de divórcio, a britânica
Debenhams. A ideia da Debenhams, que nasceu há aproximadamente dois anos,
consiste em sugerir presentes, que vão de produtos de cama, mesa e banho a
eletrodomésticos, a fim de que familiares e amigos colaborem com os ex-casais
na nova etapa.
No Japão, o ritual para romper os laços matrimoniais é mais contido. Uma empresa criada há aproximadamente três anos incentiva a destruição de uma aliança, cujos restos são colocados na boca da estátua de um sapo. Segundo a cultura oriental, o anfíbio simboliza um retorno. Outra curiosidade é que o vestido usado durante a “desunião” é mais caprichado nas costas, pra ser visto quando a mulher se afasta.
A cerimônia de “volta à solteirice” tem ganhado popularidade no País, especialmente depois de um terremoto e de um tsunami, em março de 2011. As tragédias são vistas como sinônimo de recomeço e de mudança de prioridades para ambos os sexos.
Divulgação
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Shanna Moakler foi uma das precursoras
do modismo
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Psicólogos avaliam a nova
situação
Os
números do registro civil 2010, apontados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a taxa de divórcio atingiu seu
maior valor desde 1984: 1,8 para cada 1 mil pessoas de 20 anos ou mais.
Comumente visto como motivo de tristeza e até de vergonha, hoje esse estado
civil é encarado também como símbolo de liberdade e de prazer.
De acordo com o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, de São Paulo, o povo brasileiro é muito criativo e adora as novidades importadas, o que abre brechas para a realização desse tipo de evento também em terras tupiniquins. “Creio que isso pode sinalizar um fenômeno da geração Y, que genericamente dá menos importância às tradições de sua cultura e pode encarar o término da relação como o ‘game over’ do videogame, sem maiores complicações”, explica.
Vale lembrar que a forma de se superar o “luto” e o tempo que o processo vai durar depende de cada um. “Algumas cicatrizes são eternas. A capacidade humana de reagir positivamente às perdas e frustrações é muito pessoal e variável.” Também é preciso acender o sinal de alerta se a festa tiver o intuito de autoafirma-ção, escondendo a dor e o sofrimento daquele que não deixou de amar, em vez de celebrar a continuidade da amizade dos dois, de um jeito bem resolvido.
De acordo com o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, de São Paulo, o povo brasileiro é muito criativo e adora as novidades importadas, o que abre brechas para a realização desse tipo de evento também em terras tupiniquins. “Creio que isso pode sinalizar um fenômeno da geração Y, que genericamente dá menos importância às tradições de sua cultura e pode encarar o término da relação como o ‘game over’ do videogame, sem maiores complicações”, explica.
Vale lembrar que a forma de se superar o “luto” e o tempo que o processo vai durar depende de cada um. “Algumas cicatrizes são eternas. A capacidade humana de reagir positivamente às perdas e frustrações é muito pessoal e variável.” Também é preciso acender o sinal de alerta se a festa tiver o intuito de autoafirma-ção, escondendo a dor e o sofrimento daquele que não deixou de amar, em vez de celebrar a continuidade da amizade dos dois, de um jeito bem resolvido.
“A
festa pode disfarçar as emoções destrutivas, mas não ajuda a lidar melhor com
os cacos de um sonho”, acrescenta. Para que os problemas não aumentem, a
psicóloga Veruska Marques de Almeida, de Rio Preto, ensina que é possível
alimentar pensamentos de que a parceria amorosa deu certo até o fim. E, é
claro, manter uma comunicação sincera, com olho no olho, para encerrar a
história com dignidade, assim como começou. “Em todo relacionamento, o respeito
é fundamental. Se as pessoas mudarem o modo de ver uma situação, o
relacionamento com o outro também vai mudar”, diz ela.
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