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"A Garota Dinamarquesa" incentiva a reflexão e aceitação da diversidade

Psicólogo da Beneficência Portuguesa de São Paulo explica a importância do apoio da família no momento da transição de gênero


A modelo havia faltado e a pintora, Gerda Wegener, que não poderia atrasar a entrega de sua obra pediu ao marido, Einar Wegener, que posasse para ela com roupas femininas. Este foi o início de uma grande transformação na vida do casal e, principalmente, na história de Einar. O acontecimento trouxe à tona todas as incompreensões da infância do personagem e, desde então, o artista começou se descobrir Lili Elbe. A história real, que aconteceu no século 20, inspirou o filme A Garota Dinamarquesa e retrata um dos primeiros casos conhecidos de cirurgia para mudança de sexo em um transgênero. Indicado ao Oscar em quatro categorias, o longa-metragem provoca interesse por ser um tema tão contemporâneo e ainda pouco discutido. 

Para o psicólogo e também Coordenador do programa de avaliação do estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Armando Ribeiro, o processo de transição de um indivíduo para outro gênero encontra resistências principalmente da visão cultural e dos valores tradicionais da sociedade. Contudo, a busca pelo autoconhecimento e o apoio de uma rede familiar protetora podem sustentar uma transição de gênero mais saudável e com menor risco de sintomas de ansiedade e/ou depressão, angústia ou culpa. 

No filme, a compreensão por parte da esposa e do melhor amigo de infância, Hans Axgil, foi fundamental para esse processo de mudanças e aceitação do personagem Einar. "Os pais precisam reconhecer que não têm todas as respostas e podem buscar ajuda para aprender a lidar com situações desafiantes. Não adianta negar ou fingir que a situação não existe. Proibir, agredir e fingir que não vê são posturas abusivas que não resolvem a situação. Os pais devem aceitar que também podem precisar de ajuda para aprender e crescer com os seus filhos", explica o especialista. 

Ribeiro acredita também que discutir o assunto nas escolas, famílias e comunidade, bem como incentivar uma educação de qualidade, que não sustente estereótipos de gênero, pode, a longo prazo, mudar a mentalidade de uma sociedade. Contudo, a psicoterapia e o desenvolvimento pessoal são caminhos para que tanto o indivíduo quanto o sistema familiar possam refletir sobre questões que divergem das expectativas sociais. "Não somos reféns da nossa biologia de gênero, mas da pressão social e dos valores tradicionais, que podem causar muito sofrimento ao indivíduo que vive essa situação. São pequenos passos que contribuíram para a mudança em como abordar as diferenças humanas", finaliza. 

Sobre Beneficência Portuguesa de São Paulo

Fundada em 1859, a Beneficência Portuguesa de São Paulo (www.beneficencia.org.br) é a maior instituição hospitalar privada da América Latina, contando com aproximadamente 7.500 colaboradores e 3.000 médicos, e com uma gestão baseada na qualidade assistencial, humanização, ensino e pesquisa, além de um corpo clínico formado por renomados especialistas. A instituição é referência no atendimento médico hospitalar em mais de 50 especialidades, como cardiologia, oncologia, neurologia, gastroenterologia, ortopedia, urologia, entre outras. Atualmente, a Beneficência Portuguesa conta com três hospitais que somam mais de 1.200 mil leitos de internação. O Hospital São Joaquim, primeiro pilar da Instituição, realiza atendimento ao Pronto Socorro, UTIs, Internações e Cirurgias. Em 2007, foi inaugurado o Hospital São José, que se destaca pelo atendimento oncológico com padrões internacionais, entre outras especialidades. Em 2012, o Hospital Santo Antônio foi criado com o objetivo de oferecer atendimento a pacientes usuários do Sistema Único de Saúde, reforçando a responsabilidade social e carácter beneficente da Associação. Já em 2013, a Instituição criou o Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes para ser um dos maiores e mais completos núcleos de tratamento de câncer no país. Mais informações à imprensa Imagem Corporativa

Fonte: UOL Mais

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