quinta-feira, maio 30, 2013

USE as emoções a seu favor e pare de fumar. Não (es)trague sua vida! - Seu Coração.


USE as emoções a seu favor e pare de fumar. 
Não (es)trague sua vida! 

BLOG Seu Coração
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
Dia Mundial Sem Tabaco - 31/05/2013


Parar de fumar é um problema matemático! Basta contabilizar as mais de 5000 substâncias nocivas à saúde presentes no cigarro (como acetona, amônia, arsênico, benzeno, etc.), adicionar todas as doenças ligadas ao fumo (derrame, câncer de boca, garganta, pulmão, estômago, rim, bexiga, além das doenças coronarianas, bronquite crônica e enfisema, aumento de tosse e espirro, etc.) e subtrair o seu breve momento relaxante, aliás, o cigarro tem efeito estimulante no cérebro… Verdadeiramente nem relaxado ele o deixará!
A nicotina causa dependência física e psicológica, pois o cérebro possui um grande número de receptores químicos que passam a depender desta substância para funcionarem bem. Em menos de 10 segundos estas substâncias atingem o cérebro e causa a liberação de neurotransmissores (ex. dopamina e endorfina) responsáveis por sensações de prazer, concentração e na redução dos sintomas decorrentes da falta do tabaco (também conhecida como síndrome de abstinência, ocorrendo em até 70% dos fumantes). Estes “benefícios” são rapidamente tolerados pelo cérebro, necessitando de doses cada vez maiores e piorando o seu funcionamento na ausência destes “combustíveis” químicos tão tóxicos.
Os sintomas de abstinência podem aparecer em até 8 horas após a última tragada, consistindo em: irritabilidade, ansiedade, fissura pelo cigarro, alteração de concentração, aumento da fome e etc.
Com tantas “vantagens” para fumar sendo apresentadas, fica evidenciado porque é tão difícil abandonar esse péssimo hábito. As substâncias presentes no cigarro (ex. nicotina e alcatrão), o status social atribuído ao fumante (ex. efeito das propagandas de cigarro), a dificuldade de lidar com situações cotidianas que são facilitadas pelo consumo (ex. sobrecarga de trabalho, conflitos interpessoais, etc.), o aumento da sociabilidade (ex. participar de rodas de fumantes), o comportamento automático de levar algo a boca (gesticulação), a famosa “parada” para fumar no ambiente de trabalho, são algumas das situações que podem ajudar na manutenção deste hábito tão nocivo.
Embora o fumante frequentemente não aceite, deixar de fumar não é apenas um ato de vontade para a maioria das pessoas, envolve a necessidade de um acompanhamento multiprofissional, incluindo uma parceria entre o seu médico e o psicólogo especializado na equipe de saúde. Ambos alinhados para auxiliá-lo na mudança desse hábito negativo.
Apesar da dificuldade em parar de fumar, deixar de ser um dependente químico das inúmeras substâncias tóxicas presentes no cigarro é muito mais recompensador do que os riscos associados ao tabagismo.
Existem dois modos principais de parar com o hábito do tabagismo: parada imediata e parada gradual. É importante discutir com o seu médico qual será a melhor estratégia terapêutica para você, já que para a interrupção imediata você deixará de fumar de uma só vez, sendo que muitas das razões que o mantém fumando continuarão existindo em sua vida, exigindo de você a utilização de habilidades que podem não fazer parte do seu repertório atual de comportamentos (ex. manejo do estresse, técnicas de relaxamento, resolução de problemas). A interrupção gradual consiste na diminuição passo a passo do número de cigarros fumados em cada novo dia, ou adiando a hora em que você começa a fumar o primeiro cigarro do dia, até chegar ao momento em que não fumará mais, sendo que esse período não poderá passar de duas semanas.
Peça ao seu profissional da saúde para avaliar o seu grau de dependência frente à tentativa de abandonar o cigarro (ex. Teste de Fagerström).
Algumas informações úteis para quem pensa em parar de fumar ou para quem quer auxiliar alguém a parar:
1. programe uma data;
2. reveja o porquê de você não conseguir parar e quais foram as circunstâncias que o fizeram voltar a fumar;
3. se você conseguiu parar, não acenda novo cigarro, nem uma tragada, porque será o suficiente para começar tudo outra vez;
4. remova cinzeiros e isqueiros de casa. Perfume suas roupas e sua casa;
5. mude seu estilo de vida (ex. inicie uma atividade física, aprenda a manejar o estresse e durante os momentos que sentir aquela vontade de acender um cigarro, converse com um amigo, ocupe-se com uma tarefa, faça uma respiração profunda, masque um chiclete sem açúcar ou beba água gelada. Evite café ou chá. Evite álcool;
6. converse com pessoas que já pararam de fumar;
7. não se envergonhe de pedir ajuda (ex. amigos, família, aconselhamento especializado);
8. se o problema é o café da manhã, tome o mesmo em lugares diferentes do habitual,
9. em restaurantes, prefira a área de não fumantes;
10. pratique algo que lhe dê prazer todos os dias;
11. beba muita água;
12. recompense sempre seu esforço.
Cuidado com os pensamentos distorcidos sobre o seu hábito de fumar!
Muitas tentativas de abandonar o hábito de fumar são interrompidas precocemente ou insatisfatórias, pelo desconhecimento do papel dos pensamentos distorcidos durante a tentativa de parar de fumar, por exemplo: “Muitas pessoas fumam e não adoecem. Outras não fumam e adoecem”, “Posso largar assim que quiser”, “É só uma tragada”, “Você quer me controlar”, “É a única coisa que me dá prazer na vida”, “Eu sou responsável pelo que faço, fumar é minha liberdade”, etc.
Essas ideias são relativamente comuns em pessoas que fumam e podem afetar drasticamente um processo de interrupção ao tabagismo. São chamadas de distorcidas porque, em geral, são absolutistas, rígidas, baseadas em experiências singulares e altamente generalizadas, indicam ideias subjacentes ligadas à independência, liberdade, controle, etc. Somente um psicoterapeuta habilitado poderá ajudá-lo a identificar estes pensamentos e modificá-los em direção aos objetivos propostos por você.
E lembre-se: por mais difícil que possa ser parar de fumar, milhões de pessoas em todo o mundo já conseguiram livrar-se desse hábito tão nocivo. Use as emoções a seu favor e não deixe ser tragado por este vício. Busque ajuda sempre!

Armando-Ribeiro_exibicaoArmando Ribeiro das Neves Neto
Psicólogo e Coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo

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