Mentir faz mal à saúde
Por Jéssica Reis
DiarioWeb
A mentira é um tema sempre atual, afinal, quem é que nunca contou uma mentirinha,
mesmo que fosse de brincadeira? A novidade agora é que uma pesquisa comprovou
que mentir faz mal à saúde. O estudo, realizado na Universidade Notre Dame, nos
Estados Unidos, constatou que dizer a verdade pode evitar dores e até coceiras.
Os pesquisadores questionaram semanalmente 110 voluntários sobre os incômodos físicos que sentiam e quantas vezes contaram algum tipo de mentira durante o dia. Nos encontros, pediam para metade dos participantes não contar mentiras. O grupo que passou a dizer mais a verdade reclamou menos de dores e coceiras.
A psicóloga Maria Aparecida Junqueira Zampieri diz que mentir não é natural e consome mais energia das pessoas, além de manter, mesmo que no inconsciente, pensamentos negativos sobre si mesmo. Segundo a especialista, o mentiroso frequente reforça pensamentos no dia a dia e com isso uma autoimagem que pode se tornar mais negativa.
Para Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, a mentira implica em uma constante tensão mental para sustentar a história e impedir o descobrimento. “A tensão emocional gerada pela mentira pode aumentar os níveis de hormônios do estresse capazes de fragilizar o sistema imunológico e desequilibrar o corpo e a mente. A mentira tem perna curta, mas pesa uma tonelada”, garante.
Ainda segundo o psicólogo, a mente subconsciente fica ocupada em sustentar a mentira, por isso o mentiroso fica preso nas histórias do passado, não vive o presente e nem o futuro. “Viver uma mentira é ficar aprisionado à vergonha de não ter solucionado um problema de forma assertiva e autêntica.”
Alexandre Caprio, psicólogo cognitivo-comportamental, afirma que o resultado físico de quem mente pode envolver inquietude, irritação e ansiedade, tensões musculares e perda de sono, dores físicas e esgotamento. As pessoas aprendem a mentir, e isso pode acontecer quando ainda são crianças. Ribeiro explica que os pais são os primeiros modelos de como as crianças lidarão com os erros na vida, portanto, os pais devem estar conscientes de que até as pequenas mentiras podem influenciar os filhos na vida adulta.
“A falta de habilidades sociais e de bons modelos podem influenciar negativamente algumas pessoas”, diz.É importante ficar atento quando as crianças mentem. Para Caprio, crianças e adultos mentem de acordo com os benefícios obtidos com esse comportamento. “Se o responsável sabe que a criança conseguiu ser beneficiada por meio de uma mentira, deve evitar que esse ganho continue acontecendo, sob o risco de ensinar que mentir compensa”, explica.
No entanto, o especialista lembra que não adianta repreender o filho quando o comportamento dos pais não é condizente com o discurso que se faz. “A postura e os valores demonstrados nas relações pessoais são aspectos cruciais para o desenvolvimento moral e ético dos filhos”, complementa.
Verdade promove ‘libertação emocional’
Uma das passagens da bíblia diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8,32), lembra Armando Ribeiro. Ele diz que outros textos sagrados e sabedorias antigas sustentam o valor da verdade para a libertação emocional e psicológica. “A psicologia atual vem pesquisando o valor dos conhecimentos tradicionais sobre o psiquismo humano. É sabido desde a década de 1980 sobre o “efeito da confissão pelo polígrafo”, ou seja, mesmo com graves consequências, falar a verdade pode reduzir a ansiedade e o estresse fisiológico”, afirma.
Para Tina Zampieri, dizer a verdade pode favorecer relações mais satisfatórias, mais leves. Ela diz que o interlocutor terá melhor chance de acertar com quem consegue ser mais verdadeiro. Mas é importante lembrar que ser verdadeiro não é sinônimo de ser rude. “As pessoas mais assertivas conseguem dizer a verdade sem ferir. O foco está mais próximo do informar, conhecer, reconhecer, e as respostas serão mais compatíveis com o que de fato se queria comunicar.
Isso traz mais satisfação e, a longo prazo, relações mais realistas. Se for possível dizer o que de fato se quer atingir, as ações poderão ser mais objetivadas e os resultados mais próximos do que se quer”, complementa. O psicólogo Alexandre Caprio diz que dizer a verdade, assim como ser fiel aos próprios princípios de certo e errado, induz a uma melhoria e enriquecimento da individualidade. “Enquanto para uns admitir uma falha pode parecer um atestado de inferioridade ou incompetência, para outros nada mais é do que um reconhecimento das próprias limitações, justamente para poder superá-las”, afirma.
Em alguns casos, o problema da mentira pode precisar de tratamento. Caprio explica que na terapia são avaliados os ganhos e as perdas de mentir e falar a verdade, as dificuldades internas e aceitação das próprias falhas. “Esse processo pode resultar em uma grande mudança na forma de encarar a si mesmo e quem está ao seu redor. Aprender a desenvolver empatia e assertividade. Essas estratégias oferecem ao paciente um conjunto de novas habilidades que o farão caminhar em direção ao autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, profissional e afetivo.”
Necessidade de aceitação
O psicólogo Armando Ribeiro define que a mentira não é simplesmente o contrário da verdade. “Mentir é uma ação que visa a distanciar um erro, minimizando as consequências de culpa, angústia, entre outras”, explica.
Para a psicóloga Tina Zampieri, a mentira é a resposta enganosa, que tenta agradar desviando ou omitindo o que poderia ser desagradável, fora das expectativas, ou do que se acredita que o outro gostaria de ouvir. Ou ainda para evitar o enfrentamento de consequências que não se pretende enfrentar, seja por acreditar que não daria conta, ou porque não se quer enfrentar.
A especialista diz que muitas vezes a mentira vem mesmo desta necessidade básica de aceitação, de pertencimento. “É mentir para ajustar-se ao esperado para pertencer ao grupo em questão. Para evitar situações vergonhosas ou embaraçosas”, exemplifica. Uma das características de um mentiroso é que ele tem visão de curto prazo sobre como lidar com os problemas, segundo Ribeiro. Além disso, evitar a verdade é uma possibilidade de não enfrentar as crises ou de afastá-las.
“O grande problema é que o próprio mentiroso não consegue mentir para si mesmo. A consciência pesada, aquela velha “conversa” com o travesseiro, são algumas das consequências de se carregar o fardo da mentira”, alerta.
Tina lembra que a pessoa que mente compulsivamente pode não conhece seus potenciais, ser insegura e tender ao cinismo, o que pode ser visto como um ego interior supostamente mais forte que o eu real. “No fundo, pode esconder o medo de enfrentar, de se expor, de opinar, defender ideias que não encontram eco no grupo a que almeja pertencer.”
Os pesquisadores questionaram semanalmente 110 voluntários sobre os incômodos físicos que sentiam e quantas vezes contaram algum tipo de mentira durante o dia. Nos encontros, pediam para metade dos participantes não contar mentiras. O grupo que passou a dizer mais a verdade reclamou menos de dores e coceiras.
A psicóloga Maria Aparecida Junqueira Zampieri diz que mentir não é natural e consome mais energia das pessoas, além de manter, mesmo que no inconsciente, pensamentos negativos sobre si mesmo. Segundo a especialista, o mentiroso frequente reforça pensamentos no dia a dia e com isso uma autoimagem que pode se tornar mais negativa.
Para Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, a mentira implica em uma constante tensão mental para sustentar a história e impedir o descobrimento. “A tensão emocional gerada pela mentira pode aumentar os níveis de hormônios do estresse capazes de fragilizar o sistema imunológico e desequilibrar o corpo e a mente. A mentira tem perna curta, mas pesa uma tonelada”, garante.
Ainda segundo o psicólogo, a mente subconsciente fica ocupada em sustentar a mentira, por isso o mentiroso fica preso nas histórias do passado, não vive o presente e nem o futuro. “Viver uma mentira é ficar aprisionado à vergonha de não ter solucionado um problema de forma assertiva e autêntica.”
Alexandre Caprio, psicólogo cognitivo-comportamental, afirma que o resultado físico de quem mente pode envolver inquietude, irritação e ansiedade, tensões musculares e perda de sono, dores físicas e esgotamento. As pessoas aprendem a mentir, e isso pode acontecer quando ainda são crianças. Ribeiro explica que os pais são os primeiros modelos de como as crianças lidarão com os erros na vida, portanto, os pais devem estar conscientes de que até as pequenas mentiras podem influenciar os filhos na vida adulta.
“A falta de habilidades sociais e de bons modelos podem influenciar negativamente algumas pessoas”, diz.É importante ficar atento quando as crianças mentem. Para Caprio, crianças e adultos mentem de acordo com os benefícios obtidos com esse comportamento. “Se o responsável sabe que a criança conseguiu ser beneficiada por meio de uma mentira, deve evitar que esse ganho continue acontecendo, sob o risco de ensinar que mentir compensa”, explica.
No entanto, o especialista lembra que não adianta repreender o filho quando o comportamento dos pais não é condizente com o discurso que se faz. “A postura e os valores demonstrados nas relações pessoais são aspectos cruciais para o desenvolvimento moral e ético dos filhos”, complementa.
Verdade promove ‘libertação emocional’
Uma das passagens da bíblia diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8,32), lembra Armando Ribeiro. Ele diz que outros textos sagrados e sabedorias antigas sustentam o valor da verdade para a libertação emocional e psicológica. “A psicologia atual vem pesquisando o valor dos conhecimentos tradicionais sobre o psiquismo humano. É sabido desde a década de 1980 sobre o “efeito da confissão pelo polígrafo”, ou seja, mesmo com graves consequências, falar a verdade pode reduzir a ansiedade e o estresse fisiológico”, afirma.
Para Tina Zampieri, dizer a verdade pode favorecer relações mais satisfatórias, mais leves. Ela diz que o interlocutor terá melhor chance de acertar com quem consegue ser mais verdadeiro. Mas é importante lembrar que ser verdadeiro não é sinônimo de ser rude. “As pessoas mais assertivas conseguem dizer a verdade sem ferir. O foco está mais próximo do informar, conhecer, reconhecer, e as respostas serão mais compatíveis com o que de fato se queria comunicar.
Isso traz mais satisfação e, a longo prazo, relações mais realistas. Se for possível dizer o que de fato se quer atingir, as ações poderão ser mais objetivadas e os resultados mais próximos do que se quer”, complementa. O psicólogo Alexandre Caprio diz que dizer a verdade, assim como ser fiel aos próprios princípios de certo e errado, induz a uma melhoria e enriquecimento da individualidade. “Enquanto para uns admitir uma falha pode parecer um atestado de inferioridade ou incompetência, para outros nada mais é do que um reconhecimento das próprias limitações, justamente para poder superá-las”, afirma.
Em alguns casos, o problema da mentira pode precisar de tratamento. Caprio explica que na terapia são avaliados os ganhos e as perdas de mentir e falar a verdade, as dificuldades internas e aceitação das próprias falhas. “Esse processo pode resultar em uma grande mudança na forma de encarar a si mesmo e quem está ao seu redor. Aprender a desenvolver empatia e assertividade. Essas estratégias oferecem ao paciente um conjunto de novas habilidades que o farão caminhar em direção ao autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, profissional e afetivo.”
Necessidade de aceitação
O psicólogo Armando Ribeiro define que a mentira não é simplesmente o contrário da verdade. “Mentir é uma ação que visa a distanciar um erro, minimizando as consequências de culpa, angústia, entre outras”, explica.
Para a psicóloga Tina Zampieri, a mentira é a resposta enganosa, que tenta agradar desviando ou omitindo o que poderia ser desagradável, fora das expectativas, ou do que se acredita que o outro gostaria de ouvir. Ou ainda para evitar o enfrentamento de consequências que não se pretende enfrentar, seja por acreditar que não daria conta, ou porque não se quer enfrentar.
A especialista diz que muitas vezes a mentira vem mesmo desta necessidade básica de aceitação, de pertencimento. “É mentir para ajustar-se ao esperado para pertencer ao grupo em questão. Para evitar situações vergonhosas ou embaraçosas”, exemplifica. Uma das características de um mentiroso é que ele tem visão de curto prazo sobre como lidar com os problemas, segundo Ribeiro. Além disso, evitar a verdade é uma possibilidade de não enfrentar as crises ou de afastá-las.
“O grande problema é que o próprio mentiroso não consegue mentir para si mesmo. A consciência pesada, aquela velha “conversa” com o travesseiro, são algumas das consequências de se carregar o fardo da mentira”, alerta.
Tina lembra que a pessoa que mente compulsivamente pode não conhece seus potenciais, ser insegura e tender ao cinismo, o que pode ser visto como um ego interior supostamente mais forte que o eu real. “No fundo, pode esconder o medo de enfrentar, de se expor, de opinar, defender ideias que não encontram eco no grupo a que almeja pertencer.”
Vocês sabiam que aquela pequena mentirinha pode adoecê-lo de verdade!?
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