sexta-feira, dezembro 09, 2011

Fim de ano no trapézio: com menos estresse

Edição 104 - 2011

 Fim de ano no trapézio: com menos estresse


Mil compromissos, trânsito, filas e toda a expectativa com o fechamento de mais um ciclo elevam os níveis de ansiedade e nervosismo. Mas acredite: se fizer um esforço, é possível começar o ano com muito mais saúde e alegria


Por Rita Trevisan e Thaís Macena Ilustração Melissa Lagoa


A perspectiva do final do ano move boa parte das pessoas em direção a alguns poucos objetivos: preparar a ceia e a casa para receber os amigos, planejar a viagem de férias, comprar presentes e participar de inúmeros compromissos sociais. A vida cotidiana, que já é corrida, vira um verdadeiro caos. Para se ter uma ideia, segundo pesquisa da International Stress Management Association (ISMA Brasil), experimenta-se um aumento de até 75% no nível de estresse no período que antecede as festas. O estudo foi feito em Porto Alegre (RS), com 678 pessoas na faixa etária de 25 a 55 anos

Os resultados apontam para o que a maioria das pessoas sente na pele nesse período. Não bastasse o acúmulo de obrigações, essa também costuma ser uma fase de maior cobrança nas escolas e nos ambientes profissionais. "O estresse de fim de ano afeta desde as crianças e jovens por causa das provas, notas e atividades de recuperação, até os mais velhos que, em geral, estão sobrecarregados no trabalho. Isso porque muitas empresas fazem um balanço nesse período e algumas dão férias coletivas. Porém, para descansar alguns poucos dias em casa, é preciso trabalhar dobrado antes", observa o psicólogo clínico Armando Ribeiro das Neves Neto, professor e supervisor do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-FMUSP).

A época também coincide com uma espécie de balanço pessoal, em que as pessoas costumam reavaliar metas, para descobrir o quanto avançaram em relação às suas realizações, dentro e fora do trabalho. "Sempre que um ano está terminando, é comum pararmos para refletir sobre o que fizemos ou deixamos de fazer. E é essa avaliação o que nos faz sentir mais ou menos pressionados, mais ou menos tristes ou melancólicos.

O final de ano também traz consigo a memória de outros finais de ano das nossas vidas, e, dependendo de como ela é atualmente, podemos sentir falta ou saudade dos bons tempos passados, seja com a família ou com amigos", diz a psicóloga Olga Tessari, autora do livro Dirija sua vida sem medo (Editora Letras Jurídicas). É a fase em que muitos se pegam nas perdas e nas frustrações, sem avaliar devidamente os ganhos ou mesmo o esforço feito. É o tempo de dizer: "Este é o primeiro Natal sem meu pai" ou "Mais um ano sem uma promoção no trabalho". Por outro lado, há uma certa cobrança para que, nos encontros da família, todos pareçam felizes e radiantes, o que evidentemente gera um certo nível de estresse em quem não está se sentindo 100% satisfeito consigo mesmo.



Não se leve tão a sério



Avalie se você não está se expondo a uma autocobrança excessiva e se não está focando apenas naquilo que não conseguiu realizar. "A personalidade é um fator-chave para deflagrar a reação ao estresse. Isso explica por que duas pessoas, expostas à mesma situação estressante, reagem de maneiras completamente diversas. Pensamentos pessimistas e intolerantes consigo mesmo são alguns dos aspectos emocionais que potencializam o problema em nossas vidas. Quem tem esses traços mais marcantes em sua personalidade, em geral, tem a clareza mental afetada, a ponto de não conseguir discernir entre problemas pequenos e solucionáveis e grandes problemas insolúveis", alerta o psicólogo Neves Neto. Reflita a respeito do que incomoda, tente identificar padrões de pensamentos distorcidos, negativos e irreais. Lembre-se sempre de não focar apenas no que não deu certo, mas também nos seus avanços, por menores que tenham sido. Em geral, a sensação de que fez o melhor que poderia ter feito, em determinada situação e com os recursos que tinha à mão, apazigua e conforta.



Chore, se precisar


Se em alguns momentos você sentir o coração apertado, por causa da ansiedade, da tensão ou da tristeza, permita-se chorar. "O choro alivia muito o estresse. Só não vale alimentar essa melancolia e frustração, relembrando situações que não vão voltar mais ou culpando-se. Aproveite a virada do ano para estabelecer novas metas e pensar em como pode ser mais feliz a cada dia, daqui em diante", sugere Olga.






Vá de floral
"O floral silifocum ajuda a organizar as ideias, permitido pensar com mais clareza e se organizar bem, mesmo no tumulto. Ele melhora a concentração, a memória e ajuda a manter o foco. Outro floral para os momentos de muita agitação é o digestorium, que ajuda a lidar com as situações desgastantes, controlando o nível de nervosismo e reduzindo os sintomas do estresse. Para sentir os benefícios, dê quatro borrifadas no interior da boca, três vezes ao dia, até se sentir mais relaxado ou durante período agitado", explica Gisele Herzeg, terapeuta floral.




Malabares de sonhos


Aproveite o fim de ano e defina novos objetivos para os próximos meses, pensando naquilo que realmente será capaz de lhe trazer satisfação e alegria. "Seja realista e defina atividades que poderá concretizar no prazo estabelecido, defina uma data para cada meta e quanto precisa juntar para chegar ao seu objetivo. Não estabeleça muitas metas, poucos objetivos ajudam você a manter o foco", ensina Barbosa. Também é o momento de compartilhar seus sonhos com aqueles que você ama. "Definam pelo menos um objetivo em comum, escrevam esse objetivo e deixem-no visível para todos. Discutam sobre que atividades devem ser feitas, por quem e quando, para que o objetivo seja atingido. Agendem encontros de lazer e bate-papo, para novamente discutir e revisar os passos desse projeto", diz Barbosa. Assim, você desfoca a atenção do que não foi feito até aqui e se prepara para o melhor, que ainda está por vir.


Risadas com amizades do bem



Não se sinta na obrigação de passar mais tempo do que o necessário na companhia de parentes com quem não tem nenhuma afinidade, só porque é época de festas. Prefira o contato com pessoas que lhe são realmente agradáveis. Se for preciso, decline de alguns convites. "Se aceitar tudo, sua agenda ficará lotada com prioridades de terceiros e sobrará pouco tempo para você cumprir aquilo que planejou, o que realmente gostaria de fazer", pondera Barbosa.



Sinais de alerta


Para piorar, a maioria das pessoas acaba gastando mais do que deve nos últimos meses do ano, sem se planejar. A preocupação com as inúmeras dívidas feitas é apontada pela psicóloga especializada em estresse, Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, como o segundo maior motivo de tensão e nervosismo no período, depois da sobrecarga de trabalho.


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
o estresse pode estar associado a sete
das dez doenças que mais matam no mundo.


Assim, os sintomas do mal-estar emocional não tardam a aparecer no físico, complicando a vida do ansioso. "É muito comum que, por não controlar o estresse, comecemos a perceber algumas mudanças no corpo, como um cansaço sem motivo aparente, dificuldade de concentração, fome exagerada, taquicardia e falta de ar. Quem já tinha problemas de saúde antes pode vê-los se agravarem: a pressão que já era alta atinge níveis críticos, a gastrite aperta, as alergias e os problemas respiratórios passam a incomodar mais. E isso sem falar nas dores generalizadas no corpo, que também podem ser consequência do estresse", alerta Olga.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse pode estar associado a sete das dez doenças que mais matam no mundo, como é o caso das complicações cardiovasculares e até mesmo do câncer. "Teoricamente, o estresse leva o organismo a um desgaste, o que nos torna mais vulneráveis às doenças.

Isso porque a tensão altera o funcionamento dos hormônios e demais neurotransmissores, responsáveis pela saúde e bem-estar. O excesso de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea, por exemplo, está diretamente relacionado ao enfraquecimento do sistema imunológico", explica Neves Neto.


Se ficarmos em situações altamente estressantes por longos períodos, fatalmente adoeceremos



Momentos lúdicos para e por você

Adiar as aulas de ginástica, perder algumas boas horas de sono todos os dias, trocar a refeição balanceada por um lanchinho rápido são maneiras eficientes de potencializar o estresse e as doenças relacionadas a ele. Por isso, procure anotar também as suas atividades de cuidado pessoal na agenda, reservando o intervalo necessário para cada uma delas. Aprenda a adiar um ou outro compromisso menos importante ou a delegar tarefas. "Também é interessante separar um tempinho para relaxar: ouvir músicas mais calmas, massagear o corpo durante o banho, meditar, praticar ioga, respirar calmamente. Adotar práticas de relaxamento no dia a dia, e não só em situações altamente estressantes, ajuda a manter a tensão bem longe", garante Neves Neto.

Saídas possíveis

De acordo com os especialistas, a saída é detectar o quanto antes os sinais de que os níveis de ansiedade e nervosismo estão acima dos limites e buscar imediatamente estratégias de compensação. "O estresse normalmente é imperceptível ou invisível para a maioria das pessoas, pois o ambiente de trabalho, escolar ou familiar acaba mascarando os seus sintomas. No entanto, se não for tratado a tempo, ele pode ser responsável por baixa produtividade no ambiente profissional ou baixo rendimento, por problemas conjugais, íntimos, entre pais e filhos etc. Se permanecemos em situações altamente estressantes por longos períodos, fatalmente adoeceremos", avisa o psicólogo. Felizmente, há táticas que podem ser usadas para se driblarem tantos efeitos negativos sobre a saúde do corpo e da mente. Segui-las à risca aumenta as chances de terminar o ano bem. E pode garantir um ano melhor ainda.


Encare o trampolim
Sair da situação de equilíbrio em alguns momentos é mais do que comum. Em vez de explodir, busque uma forma de relaxar, logo ao sair da situação de tensão:



Respire

"Sente-se confortavelmente, com a coluna ereta, os olhos fechados. Coloque a atenção no momento presente e tente afastar as preocupações. Concentre-se na sua respiração e vá desacelerando. Em seguida, com o polegar da mão direita, tape a narina direita e inspire com a narina esquerda. Retenha o ar com os pulmões cheios e troque a narina em atividade, tampando a narina esquerda e expirando pela direita. Então, inspire novamente pela mesma narina, ou seja, a direita. E, com os pulmões cheios, troque a narina em atividade e expire pela esquerda. Comece fazendo 5 ciclos completos e vá aumentando gradativamente", indica Márcia de Luca, especialista em ioga e ayurveda.

Massageie-se            
"Recolha-se por alguns minutos, abaixe a luz, coloque uma música suave e toque as partes do corpo que estão retendo toda a sua tensão. Faça movimentos espontâneos e delicados. Algumas regiões merecem atenção (cabeça e ombros). Na cabeça, faça uma massagem com a ponta dos dedos, em todo o couro cabeludo. Para aliviar os ombros, segure o músculo que fica entre o pescoço e o ombro - com firmeza, e faça movimentos de rotação para a frente e, para trás. Conte 30 segundos para cada região que sentir necessidade de massagear", diz Cristina Almeida, professora de ginástica holística.

Relaxe

"Em pé, inspire, elevando os braços acima da cabeça. Em seguida, expire, enquanto leva o corpo para a frente, abandonando os braços e a cabeça, com os joelhos estendidos. Permaneça por alguns segundos assim. A posição relaxa as costas, aumenta os espaços entre as vértebras e tira aquela sensação de peso nos ombros e na lombar. Repita quantas vezes for necessário, até se sentir melhor", ensina a professora de ioga Diana Bruck.

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