sábado, março 21, 2020

Covid-19: OMS divulga guia com cuidados para saúde mental durante pandemia

Organização Mundial da Saúde apresenta dicas para enfrentar consequências psicológicas e mentais do novo coronavírus; doença está gerando estresse na população afetada pelo risco de contaminação, incerteza, isolamento social e desemprego entre outros motivos; guia contempla profissionais de saúde, crianças e idosos, líderes de equipes e pessoas em quarentena.

As consequências da pandemia do novo coronavírus estão causando pressão psicológica e estresse em grande parte da população afetada. As incertezas provocadas pelo covid-19, os riscos de contaminação e a obrigação de isolamento social podem agravar ou gerar problemas mentais, segundo a OMS.

Autoridades de saúde e a agência da ONU estão cooperando para conter a disseminação da doença. Mas como ocorre em tempos de crise, a ameaça de contaminação está causando estresse na população. 

Este guia foi compilado com o Departamento de Saúde Mental da OMS e é dirigido a diferentes grupos.

À população geral: o covid-19 não tem bandeira, demonstre empatia!

1. O novo coronavírus deve afetar pessoas em muitos países e regiões. Não existe nenhuma relação da doença com uma etnia ou nacionalidade. Demonstre empatia com todos os afetados em qualquer país. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza.

2. Não se refira às pessoas com a doença como “casos de covid-19” ou “vítimas”, “famílias de covid-19”, “adoentados” etc. Eles são “pessoas com covid-19 ou que estão em tratamento, ou se recuperando” e depois de recuperados continuarão sua vida normal em família, no trabalho e com seus entes queridos. É importante separar a pessoa e a sua identidade do vírus em si para reduzir o estigma.

3. Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Busque informação apenas de fontes fidedignas e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger-se e a sua família. Procure informações e atualizações uma ou duas vezes ao dia evitando o “bombardeio desnecessário” de informações. A enxurrada de notícias sobre um surto pode levar qualquer pessoa à preocupação. Informe-se com os fatos e não os boatos ou as informações erradas. E busque essas notícias em intervalos regulares do website da Organização Mundial da Saúde, das autoridades locais para que possa fazer a diferença entre boato e fato. Os fatos ajudam a minimizar o medo.

4. Projeta a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência a outros em seu momento de carência pode ajudar a quem recebe o apoio como a quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de assistência extra. Atuando juntos como uma comunidade pode ajudar a criar solidariedade e a enfrentar o covid-19 em união. 

5. Crie oportunidades para ampliar histórias positivas e úteis e imagens positivas de pessoas na sua área que tiveram o covid-19. 
Por exemplo, experiências de pessoas que se recuperaram da doença ou que apoiaram um ente querido e estão dispostas a contar como foi. 

6. Homenageie e aprecie o trabalho dos cuidadores e dos agentes de saúde que estão apoiando os afetados pelo novo coronavírus em sua região. Reconheça o papel deles para salvar vidas e manter todos seguros.

Agentes de Saúde

7. Para os trabalhadores desse setor que sentem a pressão de lidar com a situação, este é um quadro típico para você e muitos de seus colegas. É normal se sentir assim por causa do entorno da pandemia. O estresse e as sensações associadas com esse quadro não significam que você não seja capaz de fazer o seu trabalho ou que seja uma pessoa fraca. O gerenciamento da sua saúde mental e o seu bem-estar psicossocial durante este momento é crucial para que você possa manter sua saúde física também. 

8. Cuide de você. Tente utilizar métodos para lidar com a situação como fazer pausas e descansar entre os seus turnos de trabalho e até mesmo tirar um momento dentro do expediente. Tenha atenção ainda aos seus alimentos para manter uma dieta saudável, fazer exercícios físicos e ficar em contato com a família e com os amigos. 

Evite formas errôneas de lidar com o estresse como o uso de tabaco, álcool ou outras drogas. A longo prazo, eles pioram o seu bem-estar físico e mental. Este é um cenário sem precedentes para muitos trabalhadores especialmente aqueles que nunca participaram de respostas semelhantes a uma crise ou pandemia. Para os que têm alguma experiência, tente utilizar o que deu certo no passado e que pode ser útil de novo. Você pode conseguir reduzir o estresse. Não estamos numa corrida, esta é uma maratona.

9. Alguns agentes de saúde podem estar sendo evitados pela família por causa do medo de contaminação e estigmas. Isso pode fazer com que a situação que você já enfrenta se torne ainda mais difícil. Se possível, continue conectado com seus entes queridos. O contato virtual é uma forma de contato. Procure seus colegas, seus supervisores e pessoas de confiança para esse apoio social. Você poderá descobrir que seus amigos estão tendo experiências semelhantes e atravessando o mesmo que você.

10. Na comunicação com outros, seja simples. Muitas pessoas podem ter dificuldades para entender as mensagens por causa de deficiências cognitivas, visuais e físicas. As formas de comunicação que não sejam só escritas precisam ser utilizadas. Se você é líder da sua equipe, ou chefe do hospital e está em contato com o público e com os pacientes, pense nisso.

11. Descubra e se informe sobre o apoio às pessoas com o covid-19 e aos recursos dos quais elas precisam para que possa fazer a ponte e o contato com links, ou outros meios. Isso é crucial para quem precisa de apoio psicológico ou de saúde mental. O estigma associado a problemas mentais pode causar estresse. O Guia de Intervenção Humanitária inclui diretrizes clínicas para lidar com as condições prioritárias de saúde mental e pode ser usado por agentes gerais de saúde.

Líderes de equipe e supervisores em postos de saúde 

12. Mantenha todo o pessoal protegido de estresse crônico e de uma saúde mental precária para que possam desempenhar seu trabalho da melhor maneira. Certifique-se que a situação atual não terminará da noite para o dia e o seu papel é focar no longo prazo em vez de respostas de curto prazo para a crise.

13. Assegure uma informação de qualidade e fidedigna para todo o pessoal da equipe. Faça uma rotação no pessoal das áreas mais estressantes para as menos estressantes. Coloque funcionários com menos experiência para trabalhar com os mais experientes. O Sistema de apoio e boas relações entre colegas ajuda a melhorar o ambiente de trabalho, reduzir o estresse além de promover procedimentos seguros. Aqueles trabalhadores que têm que ir às comunidades, devem ir em dupla. Inicie, encoraje e monitore as pausas no trabalho. Implemente tabelas flexíveis para o pessoal que está diretamente afetado ou tem um membro da família impactado pelo estresse ou algum trauma. Assegure-se que você está criando espaço para que os colegas forneçam apoio social uns aos outros.

14. Se você ocupa uma posição de liderança num estabelecimento de saúde, viabilize o acesso e se assegure de que os funcionários possam utilizar os serviços de apoio psicossocial e mental. Os gerentes e chefes de equipe também enfrentam as mesmas pressões que os supervisionados por eles além de um maior fardo causado pelo papel de liderança. Por isso, é importante que todos os recursos estejam ao alcance de quem precisa trabalhadores e chefes e que os últimos possam ser um modelo na mitigação do estresse. 

15. Oriente os agentes de saúde, incluindo enfermeiros, motoristas de ambulâncias, voluntários, professores, diagnosticadores e líderes comunitários em quarentenas como oferecer apoio emocional básico para as pessoas afetadas, com base na utilização de um kit de primeiros socorros emocionais.

16. Gerencie a saúde mental dos pacientes e as queixas neurológicas como delírio, psicose, ansiedade severa e depressão, nas áreas de emergência ou de clínica geral. Um pessoal treinado corretamente talvez tenha que ser mobilizado para essas áreas. Veja o guia GAP.

17. Por fim, assegure-se que o fornecimento essencial de medicamentos em todos os níveis de cuidados. As pessoas vivendo com doenças e síndromes como ataques epiléticos precisam de medicação constante e não podem ter interrupções.

Cuidadores de crianças

18. Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades. Cada criança tem sua própria maneira de fazê-lo. Algumas vezes, a atividade criativa, jogos e desenhos podem ajudar. As crianças se sentem melhor e mais aliviadas quando podem comunicar os sentimentos num ambiente de apoio. 

19. Mantenha as crianças perto de seus pais e familiares caso seja seguro para elas. Evite a separação deles. Caso uma criança tenha que ser retirada de seus pais ou tutores, assegure-se de que ela será cuidada por outra fonte como assistentes sociais ou equivalentes e cheque a situação da criança regularmente. Ainda mais, certifique-se de que durante o tempo da separação o contato com os pais ou tutores seja feito duas vezes ao dia por chamadas de vídeo ou outra forma apropriada à idade da criança (por exemplo, mídia social dependendo da idade).

20. Mantenha as rotinas familiares sempre que possível e crie novas rotinas principalmente com as crianças em casa. Pense em atividades lúdicas e pedagógicas para fazer com elas. Sempre que possível, incentive as crianças a continuarem brincando e se sociabilizando com os outros, mesmo que somente na família por causa do distanciamento social no momento.

21. Em estresses e crises é normal para a criança buscar mais os pais e exigirem mais deles. Fale com seus filhos sobre o covid-19 de forma honesta e apropriada à idade deles. Se eles tiverem preocupações, o fato de falar sobre elas pode ajudar a baixar a ansiedade das crianças. Elas observam os pais, as emoções no ar e tiram daí seus mecanismos para lidar com as próprias emoções da melhor forma nesses momentos difíceis.

Idosos, cuidadores e pessoas com problemas de saúde 

22. Idosos, especialmente em isolamento social e aqueles com problemas cognitivos como demência podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. 
Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde. 

23. Partilhe fatos simples sobre o que está acontecendo com informações claras a respeito da redução de riscos e infecções em palavras compreensíveis para quem tem barreiras de entendimento. Repita a informação sempre que necessário. As instruções precisam ser claras, concisas e respeitar o estilo do paciente. Talvez seja útil colocar a informação em escrito ou em pinturas e figuras. Envolva a família e outras redes de apoio no fornecimento das notícias e de medidas de prevenção como a lavagem de mãos.

24. Se você tem alguma doença ou síndrome, certifique-se de que seus medicamentos estão disponíveis para uso. Ative ainda seu grupo de amigos para pedir ajuda caso necessário.

25. Esteja preparado e informado, com antecedência, de como buscar ajuda, como chamar um taxi, ter comida entregue em casa ou pedir ajuda médica. E providencie medicamentos para duas semanas, caso necessário. 

26. Aprenda exercícios físicos simples para fazer em casa todos os dias durante o isolamento e a quarentena para não reduzir a mobilidade. 

27. Mantenha rotinas e tarefas regulares sempre que possível e crie novas num ambiente diferente. Entre elas atividades diárias, limpeza, canto, pinturas e outras. Ajude outros, vizinhos, amigos, crianças e pessoas em hospitais combatendo o covid-19, sempre que for Seguro, claro. Mantenha o contato com os entes queridos ainda que por telefone.
Pessoas em isolamento

28. Fique em contato e mantenha sua rede de amigos e conhecidos, ainda que isolado tente ao máximo manter sua rotina e crie novas. Se as autoridades de saúde recomendaram distância física para conter o surto, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, teleconferências etc. 

29. Durante esse período de estresse, esteja atento a seus sentimentos e demandas internas. Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva. Os agentes de saúde em todos os países estão atuando para que os mais afetados pela pandemia recebam assistência e cuidados.

30. Uma enxurrada constante de notícias sobre o surto pode levar qualquer um à ansiedade e ao estresse. Siga as notícias confiáveis e evite boatos e “fake news” que vão somente causar mais desconforto e dissabor.

Só fique preso ao que te liberta...

Só fique preso ao que te liberta... Isolamento social em tempos de coronavírus é um ato de amor... ao próximo e a si-mesmo!

6 dicas da OMS para controlar o estresse e a ansiedade

Coronavírus: 6 dicas da OMS para controlar o estresse e a ansiedade
Controlar o tempo que você passa acessando informações sobre o coronavírus é uma das dicas.

A crise do coronavírus está gerando estresse na população. A constatação é da Organização Mundial da Saúde (OMS), e não é difícil constatar isso na nossa vida.

As pessoas estão preocupadas com a saúde, com os idosos, com os empregos, a vida social, a economia. No entanto, é importante não deixar de fora os cuidados com a saúde mental em meio a essa crise.

É difícil ficar imune a essa onda de ansiedade, já que é difícil prever quando a rotina vai voltar ao normal. E os efeitos do cenário de incerteza podem ser ainda mais graves para quem já tem condições como a ansiedade e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

A BBC News Brasil elaborou uma lista de 6 dicas para controlar o estresse durante a pandemia, com base em orientações da OMS e de especialistas:

1. Controle seu acesso a informações sobre o coronavírus
A quantidade e qualidade da informação que você acessa deve ser foco de atenção, segundo a OMS.
É importante controlar a quantidade de tempo que você passa assistindo, lendo ou ouvindo notícias que te trazem angústia. Outro cuidado importante é com as fake news. Informe-se com base em veículos confiáveis de informação e em fontes oficiais, como o site do Ministério da Saúde e da própria OMS.
Tome cuidado com informações falsas que circulam nos grupos de WhatsApp. Você pode ficar preocupado sem motivo, passar a informação pra frente e preocupar mais alguém com base em algo que nem é verdade.
Para verificar se a notícia é falsa, siga este passo a passo: leia a notícia inteira, não apenas seu título; cheque a fonte e a autoria da notícia; digite o título da notícia recebida em buscador como o Google; destrinche os fatos da notícia e tente checá-los individualmente; se for uma imagem, faça uma busca reversa por ela no Google. Se for um áudio ou um vídeo, resuma o acontecimento e faça uma pesquisa no buscador.
E pergunte à pessoa que encaminhou a notícia de quem ela recebeu e se essa pessoa conseguiu verificar a informação. Não compartilhe se não tiver certeza de que a notícia é verdadeira.

2. Use as redes sociais como aliadas
No momento em que muitas pessoas estão isoladas ou em quarentena, as redes sociais se tornam uma forma ainda mais importante de interação com os amigos e a família. E a própria OMS recomenda permanecer conectado por e-mail, redes sociais, videoconferência e telefone.
Por outro lado, também é nas redes sociais que muita gente pode encontrar informação falsa e ficar obcecado atrás de teorias da conspiração. Então aqui também vale a dica de selecionar o que você consome nas redes sociais: se tem algo te fazendo mal, silencie, deixe de seguir, exclua. Procure manter os canais de informação confiáveis e o contato com as pessoas que te fazem bem.

3. Seja solidário
Servidora pública de Brasília escreveu recado e pendurou em elevadores do prédio oferecendo ajuda a quem não pode fazer compras no bairro — Foto: Fernanda Salvadé/Arquivo pessoal/ BBC
Procure ajudar especialmente a quem precisa de assistência extra, como os idosos. A OMS lembra que ajudar alguém é um benefício para quem recebe e para quem dá essa ajuda.
Uma atitude que a gente já viu no Brasil e no exterior foram pessoas mais jovens que ofereceram a vizinhos idosos a compra de produtos de mercado.

4. Pare e se escute
Durante os períodos de estresse, pare e preste atenção nas suas próprias necessidades e sentimentos. É dica da OMS também.
Procure atividades que você goste e que te façam relaxar. Também faça exercícios regularmente (mesmo que adaptados a um novo contexto), mantenha uma rotina de sono e procure se alimentar de forma saudável. Tudo isso vai colaborar com o seu corpo e a sua mente.
E não se esqueça que agências de saúde pública e especialistas do mundo inteiro estão buscando soluções para enfrentar essa crise. Ou seja, não adianta se preocupar com o mundo e se esquecer de você.

5. Reconheça o trabalho dos profissionais de saúde
Já vimos nas redes sociais que em lugares da Espanha e de Portugal as pessoas se organizaram para ir às janelas e varandas em um horário específico para aplaudir e agradecer as equipes médicas que estão atendendo pessoas que estão se recuperando da covid-19.
É essencial reconhecer o esforços dos profissionais dessa área, que trabalham dia e noite pela saúde dos pacientes infectados e por soluções para essa crise.
Como lavar as mãos do jeito certo com água e sabão

6. Espalhe histórias positivas
A OMS recomenda que as pessoas compartilhem histórias positivas sobre esse tema, como de pessoas que se recuperaram da Covid-19 e compartilharam essa experiência.
Não dá para negar que estamos vivendo uma crise sem precedentes na história recente, mas é preciso também ver o que há de positivo em meio a essa situação.

Neste artigo, o professor de microbiologia na Universidade de Navarra Ignacio López-Goñi listou 10 boas notícias sobre o coronavírus. Duas delas são: mais de 80% dos infectados têm sintomas leves, e o vírus é facilmente inativado lavando a mão e limpando superfícies.

Fonte: G1

Onde está Wally? Edição Coronavirus

Onde está Wally? Edição Coronavirus




O planeta ficou doente...

"O planeta ficou doente,
porque está com a humanidade baixa!"

Quanto mais cedo distanciarmos...

"Quanto mais cedo distanciarmos, 
mais cedo nos abraçaremos"

Especial COVID-19










Dicas para manter a saúde enquanto você fica em casa

Dicas para manter a saúde enquanto você fica em casa
#isolamentosocial #isolamentofísico #quarentena

Lava as tuas mãos com amor e bondade (metta)

Lava as tuas mãos com amor e bondade (metta)

Que eu possa ser feliz
Que eu possa estar saudável
Que eu possa estar seguro
Que eu possa estar em paz

Que tu possas ser feliz
Que tu possas estar saudável
Que tu possas estar seguro
Que tu possas estar em paz

sábado, março 14, 2020

Desenvolvendo competecências não técnicas na Clínica Pediátrica - CAEPP


Honrado em ser o especialista convidado para abordar o tema “soft skills” para os médicos pediatras do curso de Nutrologia Pediátrica em Consultório promovido pelo CAEPP - Centro de Apoio ao Ensino e Pesquisa em Pediatria.

Burnout e a importância do autocuidado - Live do Instagram

Burnout e a importância do autocuidado no live do Instagram realizado pela Dra Denise Lellis.


segunda-feira, março 09, 2020

Os 5 elementos do autocuidado médico


Estudos mostram que os estudantes de medicina têm uma queda vertiginosa nos níveis de empatia poucos meses após o início das rotações clínicas do terceiro ano. Embora exista uma variedade de explicações propostas para a transição de idealista ingênuo do pré-médico para cínico cansado do mundo, um provável culpado é a ênfase no autocuidado que ocorre durante essas rotações.

Praticamente da noite para o dia, os estudantes de medicina passam de uma rotina de palestras e períodos de estudo regularmente programados para um admirável mundo novo de quatro horas da manhã, turnos da noite e refeições devoradas entre casos de salas de cirurgia. E se os alunos se atreverem a expressar sentimentos de fome ou fadiga, é provável que seu residente ou participante mais velho lhes diga para "chupar!" ou lembre-os de que "você pode dormir quando estiver morto". No quarto ano da faculdade de medicina, estudantes de medicina veteranos cansados ​​estão passando as mesmas 'palavras de sabedoria' para os juniores por trás deles.

A mensagem: As necessidades do paciente vêm primeiro. As necessidades dos médicos (e muito menos as dos estudantes de medicina!) São um mero inconveniente, algo a ser ignorado e superado. Ou pior, algo para se orgulhar. ("Você trabalhou com febre de 103 graus? Bem, uma vez eu voltei ao trabalho depois de me administrar fluidos intravenosos na sala de chamadas devido a uma gripe no estômago!")

Embora seja possível continuar esse comportamento sobre-humano por alguns dias, semanas, meses ou até anos, não é bom e certamente não é saudável. Além disso, os médicos desenvolvem hábitos perigosos difíceis de serem quebrados, seguindo-os mesmo depois que seus dias de estudante e de residente se foram há muito tempo. Caso em questão: a menos que haja outro médico presente, eu sempre sou a primeira pessoa que termina de comer na mesa, como se algum pager de código invisível me afastasse da minha refeição a qualquer segundo.

Adiando continuamente nossas próprias necessidades fisiológicas, os médicos prejudicam não apenas a nós mesmos, mas também fornecem uma reserva para nossos pacientes.

Geni Abraham, MD , especialista em internismo e bem-estar, observa que quando os médicos não cuidam de suas próprias necessidades, eles não podem ser um "bom remédio" para seus pacientes. Abraham compara os médicos que tratam os pacientes enquanto estão esgotados fisicamente a "tentar colocar um lençol de tamanho duplo em uma cama king-size" - uma tarefa fútil e impossível.

"Faça como eu digo, não como eu faço"

Para fornecer o tipo de atendimento que os pacientes merecem, os médicos devem priorizar suas próprias necessidades. "Temos que voltar aos fundamentos da assistência médica pessoal", diz Abraham. "Precisamos fazer exatamente as coisas que estamos dizendo aos nossos pacientes."

Ela recomenda que os médicos comecem com os seguintes aspectos do autocuidado:

1. Nutrição. "Eu não me importo se você deseja seguir uma dieta vegana ou ceto-dietética, desde que coma alimentos integrais e um equilíbrio de nutrientes", diz Abraham. Também é importante que os médicos pratiquem a alimentação consciente - provando e saboreando nossa comida, em vez de engolir como se estivéssemos de plantão 24 horas por dia, 7 dias por semana e esperando ser chamado à cabeceira do paciente a qualquer momento.

Abraão observa que comer é uma atividade social, e pode-se obter grande prazer ao comer na companhia de outras pessoas. Reserve um tempo para agendar e planejar refeições com a família e os amigos, em vez de comer na pia ou no carro (culpado pelos dois aspectos).

2. Exercício. "O exercício é o medicamento mais barato para ansiedade e depressão leve a moderada", diz Abraham. "É também uma das melhores maneiras de ajudar estudantes e residentes a aprender, como foi demonstrado o movimento para promover o aprendizado". Embora os médicos certamente entendam os benefícios do exercício, o desafio é encontrar tempo para se exercitar.

"Você precisa encontrar tempo", aconselha Abraão. Mesmo que você possa fazer apenas 10 ou 15 minutos, programe esse horário para a sua semana e torne-o inegociável. Considere um aplicativo como o "Treino de 7 minutos ", que deixa seu coração batendo forte e pode ser feito no conforto da sua sala de estar. Também pode ajudar a encontrar algo ativo que você possa gostar como uma aula de esporte ou dança.

3. Durma. "A falta de sono causa perda de memória, irritabilidade e pensamento caótico", diz Abraham. "E o pensamento caótico não ajuda nossos pacientes ou a nós mesmos." Abraham recomenda dormir horas suficientes à noite e praticar uma boa higiene do sono. "Coloque seu telefone de cabeça para baixo para evitar a luz azul que ele emite e evitar assistir a programas de televisão intensos antes de dormir." Em vez de olhar para as telas antes de dormir, Abraham recomenda praticar meditação consciente ou exercícios de respiração profunda.

Se você ainda estiver com sono, mesmo depois de dormir horas suficientes, considere fazer o teste para apneia do sono. Robyn Alley-Hay, MD , uma obstetra-ginecologista aposentada que agora é médica, observa que iniciar o CPAP para sua apnéia do sono não diagnosticada anteriormente era uma mudança de vida. "Eu gostaria de ter sido testado para apneia do sono anos atrás", diz Alley-Hay. "Não preciso mais começar meu dia exausto, lento, confuso e geralmente mal-humorado." Alley-Hay recomenda que os médicos sejam testados e tratados. “Já é difícil recuperar-se das noites de plantão, turnos irregulares e noites curtas como médico. Acrescente apnéia do sono em cima disso e é uma receita para exaustão, esgotamento, irritabilidade e até depressão. ”

4. Relações não tóxicas. Os médicos precisam do apoio de familiares, amigos e colegas. Precisamos reservar um tempo para nutrir esses relacionamentos agendando atividades, como sair à noite com seu cônjuge e almoçar com um colega. Aparecer para reuniões da sociedade médica e médicos sociais. Saber que todos estamos lidando com questões semelhantes pode fornecer um grande apoio.

Por outro lado, liberte-se de relacionamentos tóxicos ou emocionalmente desgastantes. Diga "não" a pessoas, empregadores, comitês ou associações que não agregam valor à sua vida.

5. Auto-compaixão consciente. Abraão sugere que os médicos prestem atenção em como falam consigo mesmos. Ela nos lembra que os humanos estão ligados a prestar mais atenção aos pensamentos negativos do que aos positivos, e que precisamos praticar e trabalhar para combater a negatividade em nossas vidas. "São necessários cinco pensamentos positivos para superar um pensamento negativo", diz Abraham. Uma maneira de obter auto-compaixão consciente é manter um diário de suas emoções e reservar um momento no final de cada dia para se concentrar nas coisas que correram bem.

Quando um de meus pacientes está sendo duro consigo mesmo (“sou burro, sou um fracassado”), tomo uma sugestão de Martha Beck e pergunto se eles conversariam com uma criança do jeito que estão falando consigo mesmos. A resposta é geralmente: "Claro que não!" Da mesma forma, os médicos precisam ser gentis conosco mesmos e perdoar a nós mesmos quando cometemos um erro.

Alcançando o autocuidado

Como superdotados, os médicos geralmente tentam realizar muitas tarefas ao mesmo tempo. Isso é especialmente arriscado quando se trata de autocuidado. "Se você tentar fazer 19 mudanças diferentes ao mesmo tempo, não terá êxito - será muito esmagador", diz Abraham.

Em vez disso, ela aconselha a execução de uma ideia de cada vez. "Pode ser tão simples quanto aumentar sua ingestão de água ou comer duas frutas por dia para começar."

Abraão também nos aconselha a pensar em nós mesmos como um barco. “Se você quer virar um barco, deve fazê-lo lentamente, pouco a pouco, não como uma pirueta. Se girarmos o volante rápido demais, acabaremos no mesmo ponto em que começamos. ” Em vez disso, ela aconselha que nos concentremos em mudar idéia por idéia, grau a grau.

Ao fazer mudanças positivas lentas e intencionais em relação ao autocuidado, os médicos podem funcionar melhor e com mais eficácia - e isso será recompensado no atendimento ao paciente. Como Abraão diz: "Coma certo, mova-se certo, durma certo e pense certo, para que você possa se sentir bem".

Rebekah Bernard MD é um médico de família em Fort Myers, FL e autor de Physician Wellness: The Rock Star Doctor's Guide .

Fonte: Medical Economics (Google Tradutor)

segunda-feira, março 02, 2020

Astrologia, Tarô e Psicoterapia (?)

Astrologia, Tarô e Psicoterapia (?)

Com o incentivo dos psicoterapeutas, pessoas problemáticas buscam consolo em práticas pseudocientíficas, como astrologia e cartas de tarô.

Ondas de loucura estão varrendo os EUA, enquanto pessoas perturbadas pela realidade buscam conforto em bobagens pseudocientíficas. De qualquer forma, é assim que um cético com espírito científico pode responder a uma enxurrada de cobertura da mídia de pessoas que recorrem à astrologia, cartas de tarô e leituras psíquicas como alternativas ou suplementos à psicoterapia convencional. 

"As pessoas estão depositando sua confiança - e seu dinheiro - nessas práticas, que vêem como caminhos para a iluminação", relata Sanam Yar no The New York Times . Aqueles que favorecem essas alternativas tendem a ser jovens, mulheres e abastadas, observa Yar. 

Alguns psicoterapeutas incorporam essas práticas não convencionais em sua terapia ou, de qualquer forma, não desencorajam os pacientes de segui-las. "Não estou ensinando, mas não estou dizendo que você não pode trazer isso para a sala", disse a Yar a psicóloga californiana Charlynn Ruan. "Isso seria desempoderador e arrogante." 

Nicolle Osequeda, uma terapeuta de Chicago, disse que "apoia o uso de quaisquer métodos seguros que seus pacientes considerem úteis". O psicólogo de Nova York Jonathan Kaplan disse que se "alguém está buscando terapia psicológica baseada em evidências enquanto medita com cristais enquanto Mercúrio está em retrógrado, eu estou bem com isso". A American Psychological Association é a favor de terapias baseadas em evidências, observa Yar, mas não possui uma política oficial de tratamentos alternativos. 

No jornal The New Yorker , a jornalista Christine Smallwood relata que o interesse pela astrologia está aumentando, especialmente entre os millennials. "A mudança começou com o advento do computador pessoal, acelerou com a Internet e alcançou novas velocidades através da mídia social", escreve Smallwood. O colapso financeiro de 2008 e a eleição de Donald Trump também podem ter contribuído para a tendência. 

"Em tempos de crise, costuma-se dizer, as pessoas procuram algo em que acreditar", diz Smallwood. Ela acrescenta que "diferente da terapia, em que um cliente pode passar meses ou até anos descobrindo as raízes de um sintoma, a astrologia promete obter respostas mais rapidamente". Uma pesquisa de 2017 descobriu que 30% dos americanos acreditam em astrologia, mas o número de pessoas com pelo menos um interesse casual pode ser muito maior. 

“Em sua penetração em nosso léxico compartilhado”, comenta Smallwood, “a astrologia é um pouco como a psicanálise era antes. Em meados do século, você já deve ter ouvido falar de id, ego ou superego em uma festa; agora é comum ouvir alguém se explicar por meio do sol, da lua e de sinais ascendentes. ” 

Na Cosmopolitan , a escritora Gina Tomaine explica por que, quando ela estava se sentindo "fora de ordem", ela consultou uma assistente social que fazia leituras de tarô. As cartas de tarô "sempre tiveram raízes profundas em aplicações psicológicas", diz Tomaine. "O psicanalista Carl Jung explicou que os cartões eram uma maneira fácil de representar os 'arquétipos da humanidade' - ou traços universais como força, ambição e paixão - na psicologia, tornando-os ferramentas ideais para terapia e saúde mental". 

Os céticos estão certamente horrorizados com a atitude de aceitação de pacientes e psicoterapeutas em relação à pseudociência. Mas eles devem lembrar que muitos cientistas da mente proeminentes têm sido bastante tolerantes com as práticas ocultas. Um deles é o mencionado Carl Jung . Outro é Jerome Frank, professor de psiquiatria da Johns Hopkins e pioneiro em pesquisas sobre os efeitos da psicoterapia. 

A pesquisa de Frank o convenceu de que o arcabouço teórico específico de uma dada terapia tem pouco a ver com sua eficácia. O fator mais importante é a capacidade do terapeuta de induzir o efeito placebo, convencendo os pacientes de que eles melhorarão. Muitos pacientes respondem a terapeutas e terapias com status científico, observou Frank, mas outros podem preferir um curandeiro, um curandeiro ou um xamã a um psiquiatra treinado em Harvard. Frank expôs essa perspectiva em seu influente livro de 1961, Persuasão e Cura: Um Estudo Comparativo de Psicoterapia . 

Nos últimos meio século, os pesquisadores produziram inúmeras descobertas sobre o cérebro, a mente e as doenças mentais. E psicólogos e psiquiatras introduziram muitos tratamentos supostamente novos e aprimorados para o sofrimento mental, principalmente terapia cognitivo-comportamental e antidepressivos, como os ISRS. Mas pesquisas sugerem que esses tratamentos ostensivamente científicos ainda ganham a maior parte de sua eficácia com o efeito placebo . 

Em um estudo maciço de 2002 de psicoterapias, incluindo terapia cognitivo-comportamental, uma equipe liderada pelo psicólogo Lester Luborsky descobriu que todas são aproximadamente tão eficazes quanto uma a outra. Estudos favoráveis ​​a uma terapia específica, afirmou Luborsky, tendem a mostrar um "efeito de lealdade", um viés prévio dos pesquisadores em relação a essa terapia. 

Outras análises sugerem que os medicamentos para doenças mentais, embora beneficiem algumas pessoas no curto prazo, podem acabar prejudicando mais pessoas do que ajudam . Thomas Insel, ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental, disse recentemente: "Não acho que tenhamos mudado a agulha na redução do suicídio, na redução de hospitalizações, na melhoria da recuperação de dezenas de milhões de pessoas com doenças mentais". 

A investigação sobre o cérebro e a mente, argumentei neste blog e em outros lugares , ainda não produziu teorias e tratamentos verdadeiramente persuasivos para doenças mentais. Como argumenta um ensaio recente em uma revista psiquiátrica britânica , "ainda não é possível citar uma única neurociência ou descoberta genética que tenha sido útil ao psiquiatra praticante no tratamento de doenças [mentais], apesar das tentativas de sugerir o contrário". 

Essa falha ajuda a explicar por que as pessoas ainda recorrem à psicanálise freudiana , embora ela não resista ao escrutínio científico e a uma terapia mental ainda mais antiga, o budismo . E explica por que muitas pessoas angustiadas recorrem à astrologia, cartas de tarô e outros métodos pseudo-científicos. Que eles possam encontrar o consolo que procuram.

Fonte Original: Scientific American (Google Tradutor)

Seu burnout não é culpa sua, mas é possível fazer algo a respeito


Duas décadas atrás, durante um momento ruim da minha residência, eu fui recebida por uma faixa no saguão do hospital que dizia: "Dia do Bem-Estar dos Residentes". O evento todo se resumiu à entrega de bolinhos grátis. Eu não precisava de um bolinho, eu precisava de um psiquiatra; eu precisava dormir; eu precisava de uma jornada de trabalho semanal com um limite razoável de horas. Eu estava sofrendo, e em resposta, o meu hospital... me oferece um bolinho. Aquela ação, somada a tantas outras falas e mensagens retóricas, me deram um recado claro: dar um jeito no meu burnout caberia a mim.

Pergunte a qualquer grupo de estudantes de medicina, residentes ou médicos: "O que você está fazendo para evitar ou dar um jeito no burnout?", e você provavelmente se verá em meio a um acalorado debate. As pesquisas existentes sobre o burnout entre médicos indicam de forma esmagadora que os fatores organizacionais são as principais causas de surgimento do quadro. A formação médica expõe os alunos a situações que carecem de o mínimo de amparo psicológico e, como resultado, muitos de nós sofrem danos emocionais importantes. Portanto, não surpreende que a gente sinta raiva quando nos perguntam quais medidas nós estamos tomando para corrigir um problema causado por terceiros. É como se alguém nos jogasse na fogueira e depois perguntasse o que estamos fazendo para não nos queimarmos.

Mas, a nossa indignação com essa alocação equivocada de culpa pode nos impedir de aceitar e tomar medidas que podem realmente nos ajudar. Não estou falando de ofertas absurdas, como aulas ocasionais de ioga ou um pedaço de bolo. Além dessas patéticas tentativas homeopáticas de promoção do bem-estar, existem ações importantes que podemos adotar para ajudar a nós mesmos. Eu sei, porque encontrei algumas que tiveram um grande impacto na minha vida.

Cuidar da cabeça

A primeira coisa que podemos fazer para ajudar a nós mesmos é aprender a ter mais consciência de nossos padrões de pensamento e emoções associadas, e de como reagimos a eles. Na época que éramos estudantes de medicina, normalmente não nos ensinaram estratégias cognitivas úteis para combater pensamentos pouco adaptativos, porque nossos professores e líderes geralmente não têm essas habilidades. Se você pensar nessas estratégias da maneira que pensa em qualquer outra habilidade altamente técnica, faz sentido que você precise procurar pessoas com conhecimentos especializados para ensiná-las a você.

A meditação para a atenção plena (mindfulness) é um caminho para o desenvolvimento dessas habilidades. Estou ciente de que meditação é uma palavra "gatilho" para muitos estudantes de medicina, residentes e médicos. As pessoas comparam essa prática a um colete salva-vidas para alguém que está se afogando. Um problema comum no treinamento da atenção plena é que as primeiras experiências de muitas pessoas são muito breves, de baixa qualidade ou não são adaptadas aos contextos clínicos. Talvez a nossa atitude em relação à meditação fosse melhor se tivesse outro nome, como "treinamento de autorregulação e conscientização sobre o entorno para situações clínicas de alta carga cognitiva", porque é isso que a meditação de fato é.

Pessoalmente, eu treinei em um programa baseado em evidências, publicado no periódico JAMA, criado e aplicado por médicos, oferecido pela University of Rochester School of Medicine and Dentistry, nos Estados Unidos. Isso me ensinou como a atenção plena, a autorregulação e o aumento da autoconsciência podem ser aplicadas a todo momento na prática clínica. Essas habilidades me ofereceram uma maneira de lidar com algumas das minhas emoções mais difíceis. Como resultado, o programa não só me fez uma médica mais feliz e melhor, mas também uma melhor administradora. Estou mais preparada para trabalhar nessas condições sistêmicas condenáveis e abusivas, e ainda promover a mudança para outras pessoas.

Para ser clara, os gestores que incentivam seus médicos ou alunos a praticarem a atenção plena não estão livres de precisar abordar as causas primárias do burnout. No entanto, solicitar que alunos e médicos deem este passo como parte de uma estratégia maior é um reconhecimento de que ações e comportamentos individuais são parte constituinte da cultura institucional. A Gold Foundation é um exemplo de instituição que oferece treinamento em meditação para faculdades de medicina.

Depois de trabalhar na conscientização de nossos padrões de pensamento, o segundo passo é ser capaz de se valorizar. O Dr. Mickey Trockel, Ph.D., médico, descreve a capacidade de se valorizar como o ato de "priorizar o próprio bem-estar e a mentalidade de crescimento tendo em vista as próprias imperfeições". O Dr. Mickey descobriu que os médicos que atingem as pontuações mais altas nos indicadores de valoração pessoal têm menos risco de burnout. O diálogo interno rigoroso é um exemplo de um hábito disfuncional que é ensinado aos estudantes de medicina. Aprender a se enxergar e falar consigo com a mesma empatia construtiva e mentalidade de crescimento com que você enxerga e fala com um amigo próximo, é uma forma de melhorar a sua capacidade de se valorizar.

Uma estratégia concreta para desenvolver essa habilidade é descrever eventos e sentimentos difíceis na terceira pessoa. Por exemplo, em vez de uma autocrítica do seu próprio desempenho, você pode dizer para si mesmo na terceira pessoa: "Sarah conduziu bem um caso muito difícil. Ela nunca lidou com um paciente como esse antes e se sairá melhor da próxima vez." Essa técnica pode ser útil para lidar com emoções que podem rapidamente se tornar pouco adaptativas, como vergonha, culpa e a sensação de ser um impostor. Tente usar essa estratégia com colegas de classe e amigos quando eles estiverem presos em um ciclo de autorrepreensão, e peça que eles tomem nota de como se sentem antes e depois.

Novamente, essa não é uma validação da teoria de que somos, de alguma forma, culpados por nosso burnout. É uma estratégia prática para desenvolver uma capacidade que tem se mostrado protetora e que pode oferecer benefícios em qualquer ambiente clínico.

Também é importante cuidar do corpo

Embora as práticas para fortalecer a mente sejam fundamentais, cuidar do corpo é igualmente importante. Continuo me dedicando a uma intensa busca e adoção de orientações de saúde voltadas especificamente para os médicos. Em essência, tento pensar no meu corpo como uma máquina médica complexa e especializada. Como o Dr. Mickey disse, este é o "instrumento da prática clínica" mais importante.

A Dra. Maryam Hamidi, Ph.D., publicou extensas informações nutricionais específicas para médicos. Um de seus trabalhos de pesquisa demonstrou qual o momento ideal para evitar comer durante o plantão noturno, a fim de diminuir os efeitos negativos da sonolência. Outras pesquisas correlacionaram desidratação com comprometimento cognitivo leve.

Nos familiarizarmos com esse tipo de literatura dificulta a adoção de normas culturais que nos encorajam a negligenciar as nossas necessidades básicas. Mais uma vez, o sistema é o maior culpado, e tenho plena consciência de que a autonomia na faculdade de medicina e na residência costuma ser muito limitada. No entanto, quando eu era aluna, meus próprios impulsos iniciais de ignorar as necessidades físicas também tiveram origem nas minhas atitudes e crenças pessoais em relação ao autocuidado. Este é mais um exemplo de como o desenvolvimento de insight sobre meus padrões de pensamento permitiu que eu cuidasse de mim de uma maneira que afetou a minha qualidade de vida e o atendimento que presto aos meus pacientes. Pequenas mudanças se somam, e podemos nos beneficiar delas, independentemente de estarmos trabalhando em um ambiente tóxico ou saudável.

Eu acredito no seguinte: Se acharmos que a única solução para resolver o problema do burnout dos médicos é consertar o sistema, corremos o risco de internalizar a ideia de que todas as soluções estão totalmente fora do nosso alcance. Nesse momento, perdemos nosso poder de ação. Não se trata de deixar organizações e instituições se safarem da responsabilidade de fazer a parte delas em lidar com os principais motivadores do burnout, trata-se de fazer o que pudermos para nos ajudarmos.

Mais de três anos depois de fazer um verdadeiro esforço para aprender a incorporar a meditação à minha vida clínica, notei uma diferença significativa. Percebo que estou mais plenamente presente com pacientes e colegas, e mais receptiva à uma complexa gama de emoções que sinto durante um dia de trabalho normal. Trato a mim e aos outros com mais compaixão. Agora também ensino práticas de meditação para estudantes de medicina, professores e lideranças em todo o país, como uma das muitas estratégias que adotei.

O sistema deve mudar, e devemos trabalhar para identificar e praticar estratégias importantes de bem-estar, como se nossas vidas dependessem disso. Porque eu acredito que elas dependem. Portanto, quando alguém lhe oferecer um pedaço de bolo como forma de curar o burnout, fique à vontade para rejeitá-lo, mas não rejeite a ideia de que existem coisas que você pode fazer para tomar conta do seu bem-estar.

Dra. Jillian Horton é médica, vice-chefe do Departamento de Medicina Interna, diretora do Alan Klass Program in Health Humanities e ex-vice-reitora de assuntos acadêmicos de graduação da University of Manitoba, no Canadá. Ela é membro da coorte de 2019 da Stanford University Chief Wellness Officer e é capacitada em meditação para a atenção plena pela University of Rochester School of Medicineand Dentistry. Suas memórias sobre medicina e educação médica serão publicadas pela Harper Collins Canada, em fevereiro de 2021.

Fonte: Medscape