domingo, julho 15, 2012

Brasil é o 2º país que mais usa o Facebook no mundo

Brasil é o 2º país que mais usa o Facebook no mundo

Por Daniela Fenti
DiárioWeb - Diário da Região
São José do Rio Preto, 15 de julho de 2012


Notícias em primeira mão. Provocações esportivas. Campanhas em prol dos animais. Mensagens de autoajuda. Fotos de baladas. Desaparecimento de pessoas... Postar, curtir, comentar e compartilhar assuntos como esses se tornou mais do que um hábito. Virou uma necessidade (ou vício) para muitos.

De acordo com estatísticas do SocialBaker, o Facebook registra quase 900 milhões de usuários ativos no mundo, dos quais cerca de 51 milhões de brasileiros. O que significa dizer que o País ocupa o segundo lugar no ranking, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 155 milhões de adeptos.

A pesquisa ainda mostra que houve um aumento de 16 milhões de perfis nacionais nos últimos seis meses e que o site de relacionamento criado por Mark Zuckerberg abrange, atualmente, 67,38% dos internautas brazucas. São Paulo é a sexta cidade da lista e a primeira do Brasil, com 5,7 milhões de usuários - não é possível precisar o número de rio-pretenses.

Mas, afinal, por que as redes sociais se tornaram tão populares e por que as pessoas almejam, cada vez mais, o “reconhecimento virtual”? A resposta pode estar na ciência. Um estudo inglês, divulgado no fim do ano passado pelo periódico científico “Proceedings of the Royal Society B”, mostrou que voluntários com grande quantidade de amigos no Facebook apresentaram alterações no cérebro em comparação aos demais.

Foram recrutados 125 jovens na faixa dos 20 anos, com média estimada de 300 amigos cada. Feitas com um equipamento de ressonância magnética, as imagens mostraram que, quanto mais contatos, mais densas as regiões cerebrais relacionadas à sociabilização (sulco temporal superior, giro temporal médio e complexo entorrinal).

De acordo com o neurocientista Geraint Rees, que liderou a pesquisa, essa descoberta trouxe à tona questionamentos como se essas características neurológicas levariam as pessoas a fazer mais amigos on-line, se essas áreas são modificadas justamente pela interação com os recursos tecnológicos ou se tudo não passa de coincidência.

O tema voltou à pauta há cerca de dois meses, durante o 8º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, em São Paulo. Porém, o Brasil ainda não dispõe de estudos de imagem cerebral ligados às redes sociais que possam incrementar o trabalho. Independentemente de consenso médico, há um fenômeno comportamental por trás dos números.

Necessidade básica

De acordo com o psicólogo Armando Ribeiro das Neves Neto, coordenador do Programa de Avaliação do Estresse, do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, as ferramentas digitais são uma espécie de extensão da necessidade básica do ser humano de se socializar. Se décadas atrás as pessoas se reuniam na calçada ou na praça para bater papo, hoje essas manifestações são feitas por aparelhos eletrônicos, como notebooks e tablets.

Entre as vantagens dos métodos contemporâneos estão o encurtamento de distâncias e a rapidez da veiculação, que podem ser fortes aliados na ampliação e manutenção do “networking”. Exemplos não faltam de celebridades instantâneas, como PC Siqueira e Marimoon, que fizeram sucesso primeiro na web e depois fora dela. “Essas pessoas sabem o que e para quem querem falar. Acharam um nicho de audiência potencial”, explica Daniela Ramos, professora de jornalismo digital da Fundação Casper Líbero, na Capital.

Mas nem tudo são flores nos caminhos cibernéticos. Entre as armadilhas está a superficialidade das relações. O jornalista rio-pretense e professor de comunicação Allexandre Silva destaca que as atividades virtuais costumam ser um retrato fiel da realidade física. Contudo, podem refletir apenas os desejos de se ter e ser. “Na maioria das vezes, uma pessoa com zilhões de amigos em seu perfil não os conhece de verdade ou sequer interage com eles. Todos querem ter muitos amigos, mas nem sempre conseguem. Então, adicionam desconhecidos para parecerem sociáveis.”

‘Livro aberto’

Também é preciso ficar atento ao tipo de conteúdo publicado. Em geral, as pessoas opinam sobre tudo - até sobre o que não falariam pessoalmente aos mais chegados - sem ter consciência de que suas palavras ganham repercussão para o bem e para o mal. A impressão de que se está protegido pelo relativo anonimato é falsa. Afinal, ocorre justamente o contrário. “Mais do que a pessoa, a mensagem que ela transmite sempre vai encontrar eco em alguém. Esse é o ponto chave”, diz Silva.

O mau uso da internet pode ainda acarretar síndromes, como a nomofobia (desconforto ou angústia pela incapacidade de comunicação por meio de celulares ou computadores) e o tecnostress (tensão causada pela dificuldade em aceitar as imperfeições da tecnologia). “Nós usamos a tecnologia ou ela nos usa? O problema não é com a tecnologia, criada para facilitar nossa rotina, mas com a forma como a aproveitamos. Timidez, baixa autoestima, ansiedade e depressão podem aproveitar-se dos meios digitais para tomar conta de nossas vidas”, alerta o psicólogo.




Guilherme Baffi
Martino, Mazza, Cunha (Cacaco), Claudia e Rocha estão entre os rio-pretenses com maior número de amigos no Facebook
Rio-pretenses usam a web como aliada para negócios

Se você não tem um perfil lotado no Facebook, certamente conhece alguém que tem. O fotógrafo Evandro Rocha, 29 anos, o produtor de eventos Fabiano Mazza, 27, o psicoterapeuta, professor e escritor Renato Dias Martino, 40, e os empresários Luiz Carlos Cunha Filho (Cacaco), 37, e Claudia Bassitt, 47, estão entre os mais populares de Rio Preto, com 5 mil contatos (limite do sistema) ou mais e acesso praticamente “full time”. Cada um encontrou sua forma de usar a ferramenta de forma positiva - especialmente no que diz respeito à carreira.

Rocha, por exemplo, separa claramente assuntos profissionais e pessoais. Considerado um dos mais requisitados fotógrafos de casamentos do Brasil, ele conta que já teve em sua rede particular profissionais de todo o País, mas não se sentia à vontade para publicar assuntos íntimos. Hoje, quem admira seu trabalho ou pensa em contratá-lo pode acessar sua “fan page”, que já ultrapassa 8,1 mil “curtir”. Ali, ele dá dicas para quem está começando, responde dúvidas e divulga seus projetos. A outra página é exclusiva para familiares e amigos próximos.

Essa estratégia tem retorno garantido. “Na ‘fan page’, temos ferramentas para avaliar os posts mais comentados. Em alguns dias, as mensagens atingem 50 mil pessoas”, explica. Porém, o Facebook não é o primeiro aliado virtual do rio-pretense. “A internet sempre foi a principal forma de divulgar o que faço. Praticamente me tornei profissional da área em 2004, depois de enviar uma foto da Represa para alguns contatos usarem como papel de parede. Eles enviaram para outras pessoas e a imagem se espalhou como um viral.”

Mazza, que dirige a Start Produções, é outro usuário assíduo da rede. Ele tem dois perfis no Facebook com quase 8 mil contatos. Costuma fazer piadas e reflexões e, principalmente, falar sobre os eventos que organiza - afinal, a rede social também fortalece os negócios. “Às vezes, as pessoas nem curtem ou comentam, mas falam sobre as publicações quando me encontram na rua.” Cacaco não fica atrás. Dono de dois bares na cidade, ele anuncia promoções e programações musicais (que vez ou outra rendem até reservas de mesas), mas também fala de si.

“Não publico só coisas comerciais. As pessoas gostam de polêmica, coisas inteligentes ou que vão promover um diálogo entre elas”, avalia. Por outro lado, ele destaca que é preciso tomar cuidado com o que se escreve. “Penso muito antes de colocar alguma coisa no Facebook. Já publiquei coisas e me arrependi, já publiquei erros de português e foi complicado. Com o tempo, a gente aprende.”

Martino também é focado em sua profissão, porém de maneira diferente. Em geral, ele opta por frases com conteúdo poético e reflexivo, filosófico e psicológico. “A única proposta que tenho nas redes sociais é de estender meu trabalho, que é voltado para a experiência de tomada da consciência da realidade”, afirma.

Para o psicoterapeuta, a chave de seu sucesso on-line é a abordagem de certas verdades duras, que de outra forma seriam evitadas. “Não busco popularidade, até porque a popularidade não garante qualidade. Mas um trabalho autêntico, feito com carinho, somado aos recursos da internet pode provocar o interesse das pessoas.”

Claudia, por sua vez, aproveita mais o lado leve da rede social. Com aproximadamente 11 mil amigos em nada menos do que cinco páginas pessoais (sem contar as três comerciais), ela gosta de discutir temas ligados à atualidade, cultura, geografia, economia e política. E às vezes também se envolve em debates polêmicos. Uma de suas postagens que mais tiveram repercussão - inclusive na mídia - foi sobre a quantidade de mendigos nas ruas locais.

Para evitar problemas, ela conta que só aceita a amizade virtual de quem já conhece ou de quem envia referências “in box”. “O Facebook, além de prático e fácil de administrar, é mundial e pode otimizar nossas ações diárias. É como se fosse um clube, onde encontramos amigos a qualquer hora para fazer negócios, conversar, pesquisar. Sou popular porque realmente tenho muitos amigos no mundo inteiro.”