Qual é o preço da Felicidade?
Às vezes, trabalhamos uma vida inteira acumulando bens, educação, títulos, conquistas e tardiamente nos damos conta de que a felicidade já estava lá, dentro de nós.
Por Armando Ribeiro das Neves Neto - Psicólogo
Diário da Região / Revista Bem-estar
São José do Rio Preto, 25 de março de 2012.
Pense
rápido – quem é mais feliz: ganhadores de um prêmio ou pessoas que sofreram
acidente? Segure-se na cadeira, mas os resultados de um estudo clássico
realizado em 1978 são contrários à opinião comum, ou seja, após alguns meses,
não foram encontradas diferenças entre acontecimentos positivos e negativos no
incremento de felicidade dos participantes do estudo. Esses achados refletem uma
observação rotineira, por exemplo, se você adora comer doces, alguma hora o próprio
doce vai deixar de ser recompensador e se tornar apenas uma compulsão, o que os
cientistas chamam de “adaptação hedônica”. Isto remete a outra pesquisa realizada por psicólogos
da Universidade da Califórnia em Riverside nos EUA, que afirmam que a felicidade
é determinada por 50% de genética, 10% pelas circunstâncias da vida e 40% pelas
atividades intencionais. Imagine agora a nossa responsabilidade e autonomia em
fazer de nossa vida, a melhor vida possível – agora!
Muitos
estudos científicos apoiam uma antiga afirmação do filósofo grego Epicteto,
“não são as coisas que nos perturbam, mas a interpretação que temos delas”. Sem
nos darmos conta, passamos a vida inteira julgando e rotulando as nossas
experiências, frequentemente sem consciência das distorções e exageros que
cometemos. Vivemos a partir desses rótulos, sofremos e constantemente buscamos
“receitas mágicas” para o alívio do sofrimento emocional e das angústias.
Você
já ouviu falar em FIB – Felicidade Interna Bruta? Estranho, mas é uma proposta
radical vinda do distante Butão para se medir o grau de desenvolvimento das
nações, que ao invés de avaliar somente o produto interno bruto (PIB), ou seja,
o desenvolvimento econômico, também considera o grau de felicidade e bem-estar
dos povos. Para o Happy Planet Index (Índice do Planeta Feliz), a emissão de
carbono, a expectativa de vida, a satisfação e o chamado “anos de vida felizes”
se tornam indicadores fundamentais para apontar o bem-estar das nações, que tem
como líderes, em 2009: (1º) Costa Rica, (2º) República Dominicana, (3º)
Jamaica... (9º) Brasil e (114º) EUA, por exemplo.
E
quanto ao preço da Felicidade? Não custa nada, ou melhor, dizendo, dependerá da
sua determinação em se tornar consciente e proativo do seu papel na geração de
atividades intencionais promotoras de felicidade, e que provavelmente já estão
dentro de você, sabia? Pesquisadores da Psicologia Positiva ou da ciência da
felicidade autêntica apontam que o caminho mais curto para o bem-estar consiste
no cultivo de algumas atitudes simples, tais como: desenvolvimento da fé e da
espiritualidade, aumento do florescimento humano pelo aumento das emoções
positivas, do engajamento em atividades com sentido de realização e do
fortalecimento dos relacionamentos positivos. Também adotamos algumas dicas de
ouro publicadas pela psicóloga e pesquisadora Sonja Lyubomirsky da Universidade
da Califórnia, sobre exercícios e atividades para aumentar a felicidade, que incluem:
escrever um diário de gratidão, praticar atos de compaixão, desfrutar dos
pequenos momentos de prazer do dia-a-dia, aprender a perdoar, investir parte do
seu tempo e energia com os amigos e familiares, cuidar do corpo e da mente (ex.
sono, relaxamento, atividade física regular, alimentação saudável e etc.) e
desenvolver estratégias para lidar positivamente com o estresse e as
adversidades.
E se você ainda tem dúvidas do
valor da Felicidade na sua vida, o psicólogo e pesquisador Edward Diener, da
Universidade de Illinois, lista algumas vantagens das pessoas felizes: fortalecimento
do sistema imunológico; aumento da criatividade; altruísmo; são mais
bem-sucedidas (maior renda e casamentos saudáveis); relações sociais mais
profundas; lidam melhor com situações difíceis; e gostam mais de si mesmas e
dos outros, e os outros gostam mais delas. E ai, quer pensar melhor?