quinta-feira, julho 06, 2017

Auriculoterapia. O SUS das Práticas Integrativas


Em Cabreúva (SP), o recurso terapêutico das PICS foi um dos primeiros ofertados à população. É uma terapia de baixo custo e de resultados significativos

A história das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) em Cabreúva (SP) é recente. Há pouco mais de dois anos os cidadãos começaram a ter acesso à sessões de acupuntura e auriculoterapia, principalmente, pacientes com dores crônicas. Além de reduzir a prescrição de analgésicos, os usuários relataram melhora também no bem estar emocional.

Auriculoterapia é uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa que trata disfunções físicas, emocionais e mentais por meio de estímulos em pontos específicos da orelha, local onde há terminações nervosas correspondentes a determinados órgãos do corpo.

A oferta começou primeiro no Centro Especializado em Reabilitação (CER). Hoje, duas Unidades Básicas de Saúde fazem atendimentos. “A eficácia do tratamento com PICS mostra aos gestores que é um bom investimento dos recursos da saúde. Primeiro, porque diminui o gasto com medicamentos e, segundo, reduz os encaminhamentos, aumentando a resolutividade da Atenção Básica e dos outros níveis de assistência”, explica a terapeuta ocupacional e especialista em Gestão Pública Yara Christofoletti. Para a profissional, talvez a maior dificuldade encontrada para implantar e ampliar os serviços de PICS seja o desconhecimento por parte de alguns gestores e profissionais de saúde.

“Tive acesso a alguns artigos científicos que traziam evidências e estudos sobre a aplicação de Auriculoterapia. Comecei a me perguntar: Por que em Cabreúva não tem? Por que em Itu e Jundiaí, cidades próximas, os cidadãos têm acesso na rede municipal? A partir desses questionamentos e observações do histórico dos pacientes do CER, escrevi um projeto e apresentei à prefeitura. Fiz minha parte e creio que muitos cidadãos estão sendo beneficiados”, conta Yara Christofoletti, também terapeuta ocupacional.

A partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), instituída pelo Ministério da Saúde em 2006, a implantação das práticas deu início na cidade em 2016.

Os recursos para as PICS integram o Piso da Atenção Básica (PAB) de cada município, podendo o gestor local aplicá-los de acordo com sua prioridade. Alguns tratamentos específicos da acupuntura recebem outro tipo de financiamento que compõe o bloco de média e alta complexidade.

Projeto PICS

A proposta apresentada à prefeitura em 2015 mostrava a aderência e a evolução dos pacientes para conscientizar a gestão dos benefícios e despertar o interesse de outros profissionais da saúde. O projeto tinha como objetivos:


Implantar novas opções terapêuticas com cuidado humanizado, seguro, racional, com equidade, resolutivo e econômico aos usuários de Cabreúva;


Minimizar o consumo e dispensação de analgésicos e anti-inflamatórios na rede municipal da Farmácia Popular, com redução de dores crônicas;


Aumentar a satisfação dos usuários de saúde com a redução do impacto na fila de espera pela acupuntura realizada no serviço de referência secundária (Jundiaí);


Criação da Comissão de Práticas Integrativas e Complementares no Município de Cabreúva.


Colaborar na Formulação, regulamentação e implantação do Serviço de Práticas Integrativas e Complementares do Município (PICC) respaldados PNPIC;

“Hoje temos um protocolo unificado para as PICS, onde a auriculoterapia pode ser realizada para pacientes encaminhados pela Unidade de Avaliação e Controle (UAC) ou demanda interna do CER como complemento as terapias de reabilitação, permitindo grande efetividade na conjugação dessa rede de métodos de tratamento.”, fala Yara. Apenas neste ano, foram realizadas 313 sessões entre auriculoterapia e acupuntura, em 57 pacientes. “Queremos ampliar os atendimentos das práticas já implantadas e oferta também Liang Gong, prática corporal. Nossa missão é dar continuidade a uma nova cultura em saúde em Cabreúva”, pondera a terapeuta.

Curso
Para os profissionais de saúde que interessam se especializarem, o Ministério da Saúde oferece capacitação em Auriculoterapia. O curso é dividido em duas etapas: uma por Ensino à Distância (EAD), com carga horária de 75 horas e cinco módulos sequenciais; e uma parte presencial, com carga horária de cinco horas, realizada após a finalização da EAD. As edições do curso são realizadas em diferentes estados, com a etapa presencial ocorrendo em municípios dos polos regionais selecionados.

O curso é multiprofissional e voltado para profissionais de saúde de nível superior da atenção básica, lotados nas Equipes de Saúde da Família (ESF), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e ou Unidades Básicas tradicionais — centros de saúde. A formação é totalmente gratuita.

Boas experiências
Histórias como a de Cabreúva (SP) têm em todo o país. Se no seu município há oferta de osteopatia, musicoterapia, quiropraxia, Ayurveda, Terapia comunitária integrativa ou Yoga, envie sua história para o e-mail: educomunicacao.dab@gmail.com. Queremos divulgar experiências bem sucedidas para incentivar outros municípios a investirem na estruturação das PICS, bem como na melhoria da promoção, prevenção e cuidado da população.

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