segunda-feira, março 23, 2015

Estresse demais não é normal e pode indicar problemas


Às segundas-feiras, muita gente pensa duas vezes antes de levantar da cama e seguir para o trabalho. Isso pode ser considerado normal, na maioria das vezes, e explicado pelo ritmo de um fim de semana de descanso, fora da rotina habitual. O problema é quando essa falta de vontade persiste.


Esse desânimo, em alguns casos, pode ser um dos sintomas do estresse, que pode causar enxaquecas, síndrome do intestino irritado, déficit de atenção. “Quando vemos aquela pessoa desatenta no escritório ou que tem dificuldade de se concentrar numa reunião, podemos nos deparar com alguém que está passando por estresse”, explica o psicólogo Armando Ribeiro, que coordena o Programa de Avaliação do Estresse do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. 

Ribeiro afirma que nem todo o estresse é prejudicial à saúde. “Nos casos agudos, ele é importante para o desempenho, te dá garra, pois os hormônios produzidos nestes casos deixam as pessoas em estado de atenção. O problema é quando ele é crônico”. 


Quando a pessoa fica em estado permanente de alerta, o corpo produz uma quantidade excessiva de adrenalina e cortisol e isso pode gerar problemas físicos. “O corpo fica com baixa imunidade e as pessoas ficam mais sujeitas a gripes, por exemplo. Aliado a vulnerabilidades genéticas, o estresse pode ser a chave de ativação para problemas que temos tendência a desenvolver”, conta o psicólogo.

Ele explica que com a correria do dia a dia, fica mais difícil perceber quando se está passando por isso. “Acabamos reprimindo os sentimentos, nossa verdade interior, e quando ela vem, aparece forte, numa forma de explosão, de um xingamento ou de uma doença física”, explica a psicóloga Iara Chalela Genovese. 

Pesquisadores da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, apontam que entre 60% a 90% de todas as consultas médicas no mundo são motivadas por doenças ligadas ao estresse. 

“Cheguei ao meu limite, porque, ao entrar na empresa, passava mal. Tinha a sensação de estar numa caixa de madeira, presa, sem poder me comunicar. Tive tremedeira, travamento maxilar e tinha vontade de chorar o tempo todo”, conta uma representante comercial, que não quer se identificar. 

Ela, que se sentia culpada e achava que fazia tudo errado no ambiente de trabalho, foi fazer terapia. “Está ajudando muito e ainda estou em tratamento. O que me aliviou foi ter sido mandada embora”, confessa a ex-funcionária, que foi demitida na última quinta-feira. 

Além da terapia, Iara destaca que é importante a pessoa com estresse procurar se conhecer. “Existem muitos caminhos para isso. A arte é um deles. A pessoa pode desenhar, por exemplo, para se aliviar”, sugere. 

Mas Ribeiro alerta que o local de trabalho também deve ser mais acolhedor. “Não adianta a pessoa se cuidar e voltar para um ambiente tóxico novamente. Empresas são verdadeiras panelas de pressão. Os empresários têm de investir na qualidade de vida dos funcionários, pois sabe-se que para cada US$ 1 investido nesta área, há um retorno de US$ 12”. 

Fonte: Jornal A Tribuna (Santos)

Um comentário:

  1. “Não adianta a pessoa se cuidar e voltar para um ambiente tóxico novamente. Empresas são verdadeiras panelas de pressão. Os empresários têm de investir na qualidade de vida dos funcionários, pois sabe-se que para cada US$ 1 investido nesta área, há um retorno de US$ 12”.

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